Os Efeitos da Prece e o Modelo Médico-Espírita

Os Efeitos da Prece e o Modelo Médico-Espírita

Jorge Cecílio Daher Júnior

A prece

                   “A par da medicação ordinária, elaborada pela Ciência, o magnetismo nos dá                  a conhecer o poder da ação fluídica e o Espiritismo nos revela outra força poderosa na mediunidade curadora e a influência da prece.”

(O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVIII, item 77, p. 430, edição eletrônica da Federação Espírita Brasileira.)

“Sabeis o que é a prece?

É uma irradiação protetora que nasce do coração amoroso, sobe até Deus em súplicas veementes e desce em benefícios até ao ser por quem se pede, ou a quem se deseja proteger. É um frêmito de amor sublime que se expande, toca o Infinito, transfunde-se em bênçãos, ornamenta-se de virtudes celestes e derrama-se em eflúvios sobre aquele que sofre. A prece é o amor que beija o sofrimento e o consola, é a caridade que envolve o infortúnio e reanima o sofredor, retemperando-lhe as energias.” (1)

Pesquisas de opinião, realizadas nos Estados Unidos, indicam que cerca de 77% da população americana internada em hospitais, desejariam que seus médicos lhes oferecessem alguma espécie de assistência espiritual (2). A própria comunidade médica se mobiliza, naquele país, questionando se não deveriam os médicos prescrever alguma forma de religiosidade como complemento terapêutico, (3) e já se contam em trinta o número de Universidades que oferecem formação em Medicina e Espiritualidade (4).

Artigo médico publicado em revista especializada estudou os efeitos da prece em pacientes com doença coronariana que estavam ainda internados em Unidade Intensiva, estruturado em metodologia de pesquisa aceito como válido pelos critérios tidos como cientificamente adequados, e mostrou algumas evidências que, apesar de receberem o rótulo de estatisticamente não significativas, alertaram para resultados que a metodologia estatística não teve capacidade de percepção, requerendo um modelo de análise mais amplo (5): dos pacientes que receberam preces (número de 192), a necessidade de usar antibióticos ocorreu em apenas três, contra dezesseis pacientes do grupo que não recebeu preces (número de 201); edema pulmonar foi complicação em 6 pacientes do grupo que recebeu preces, contra 18 pacientes do grupo que não recebeu preces e a morte ocorreu em 13 pacientes que receberam preces, contra 17 entre os que não receberam preces.

A necessidade de atender aos anseios dos homens situou a Medicina ante o desafio de estudar mais profundamente os mecanismos de ação desse instrumento maravilhoso que Deus nos colocou em mãos, vislumbrado como o mais eficaz instrumento de cura pelo Espírito Mesmer, em mensagem publicada por Allan Kardec na Revista Espírita, em janeiro de 1864. Na mensagem, ao analisar os dois tipos conhecidos de magnetismo, o animal e o espiritual, o precursor do Hipnotismo relata: “Um outro gênero de magnetismo, muito mais poderoso ainda, é a prece que uma alma pura e desinteressada dirige a Deus.”(6)

O Espiritismo oferece o modelo para uma metodologia de estudo eficaz (7,8) não apenas sobre os efeitos da prece, mas sobre o que a Ciência Moderna não tem olhos de ver, pois coube à Ciência Espírita criar a proposta de um modelo de compreensão do homem além do Reducionismo Biológico. Tecendo considerações sobre o corpo intermediário, relata Allan Kardec: “Tomando em consideração apenas o elemento material ponderável, a Medicina, na apreciação dos fatos, se priva de uma causa incessante de ação. Não cabe, aqui, porém, o exame desta questão. Somente faremos notar que no conhecimento do perispírto está a chave de inúmeros problemas até hoje insolúveis.”(9)

Em artigo publicado em 1977, na revista Science, o psiquiatra americano George Engels propõe que o homem deve ser compreendido de modo mais amplo que o oferecido pelo estudo dos mecanismos biológicos, descrevendo o que ele chamaria de Modelo Bio-Psico-Social, tendo aplicado esse modelo no estudo da esquizofrenia (10). Aceito amplamente, o modelo proposto por Engels ainda não encontrou plena aplicação pela Medicina, o que não impediu que fosse ampliado por Sulmasy (11), que considera que o estudo do homem deve incluir o elemento espiritual, chamando esse modelo de Bio-Psico-Sócio-Espiritual e propondo sua aplicação ao estudo de doenças crônicas, e morte.

O que podemos chamar de Modelo Médico-Espírita é mais amplo que o modelo de Sulmasy, e foi delineado por Kardec em toda a Codificação e por André Luiz, na série “A Vida no Mundo Espiritual”, publicada pela FEB. A consideração do corpo intermediário, a comunicação dos desencarnados e sua interferência sobre a matéria, incluindo a matéria orgânica, a Lei dos Fluidos e a consideração lúcida e biológica das Leis Naturais, incluindo a reencarnação, fazem parte desse Modelo, que vislumbramos como o foco de luz distante a consolar a Ciência Moderna, presa em dilema que não consegue compreender, adotando postura de negação ou indiferença.

Jorge Cecílio Daher Júnior (GO)

Instituto de Intercâmbio do Pensamento Espírita de Pernambuco (IPEPE)

http://www.ipepe.com.br/indexp.html

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1 PEREIRA, Yvonne A. O Cavaleiro de Numiers, pelo Espírito Charles, 1. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2003, cap. 3, p. 165.

2 KING DE, Bushwick B. Beliefs and attitudes of hospital inpatients about faith healing and prayer . J Fam Pract 1994; 39:349-352.

3 SLOMSKI AJ. Should doctors prescribe religion? Med Econ 2000; 77:145-159.

4 LEVIN JS, LARSON DB, PUCHALSKI CM. Religion and spirituality in medicine: research and education . JAMA 1997; 278:792-793.

5 BYRD, R. C. “Positive Therapeutic Effects of Intercessory Prayer in a Coronary Care Unity Population”, Southern Medical Journal , 81, 7 (1988): 826-9.

6 KARDEC, Allan. Revista Espírita, janeiro de 1864, Edicel, p. 7.

7 CHIBENI, S. S. Reformador de maio de 1984, “Espiritismo e ciência”, p. 144-147 e 157-159.

______. Reformador de novembro de 1988 , “A excelência metodológica do Espiritismo”, p. 328-333, e dezembro de 1988, p. 373-378.

______. Revista Internacional de Espiritismo, “Ciência espírita”, março de 1991, p. 45-52.

______. Reformador de junho de 1994, “O paradigma espírita”, p. 176-180.

8 LOEFFLER, C. F. Fundamentação da Ciência Espírita 2003 . Editora Lachâtre, Niterói-RJ.

9 KARDEC, Allan, O Livro dos Médiuns , 72. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, Segunda Parte, cap. I, item 54, p. 78.

10 ENGEL, G. L. (1977). “The need for a new medicals model: A challenge for biomedicine”. Science , 196 (4286) 129-136

11 SULMASY, D. P. (2002) “A Biopsychosocial-Spiritual Model for the Care of patients at the End of Life”. The Gerontologist , vol. 42, special issue III, 24-33.

Fonte: Espiritualidade e Sociedade

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