DESESPERO INJUSTIFICÁVEL

DESESPERO INJUSTIFICÁVEL

Joanna de Ângelis

Pensas: “Aceitei, confiante, a fé e a luta me parecem mais rude. A fadiga me segue e o desespero me cerceia. Tenho a impressão de que forças tiranizantes me amesquinham, comprazendo-se com os meus tormentos.”

Analisas: “Abracei o Cristianismo Redivivo no Espiritismo, guardando a esperança de esclarecido, repousar, e edificado pelo esclarecimento, viver em paz. No entanto, com a dilatação do conhecimento, parece-me que problemas com os quais eu não contava repontam multiplicados e dissabores me assinalam as horas.”

Comentas: “Que ocorre comigo? Não desejava melhoras econômicas ao aceitar a Doutrina renovadora, todavia, surpreendo-me com tantos insucessos… Não aguardava um paraíso entre os companheiros, mas, por que a animosidade?”

Concluis: “Desisto — eis a solução. Talvez, quem sabe? — imaginas — eu esteja deixando consumir-me pelo excesso do ideal… Vejo outros companheiros com ares felizes, bem postos, joviais… Algo, comigo, está errado”

Sim, algo está errado: a conclusão a que chegaste.

Todo compromisso elevado exige esforço no empreendimento, luta na execução, força no ideal.

Quem pretende fruir antes de produzir conserva infantilidade mental.

O homem velho para despojar-se do manto característico não consegue fazê-lo sem uma grande revolução íntima.

O passado de cada espírito em luta, na Terra, é todo um amontoado de escombros a retirar para reconstruir, reaparelhar.

Enquanto alguém se demora em charco pestilento acostuma-se ao recender da podridão.

O horizonte visual é maior de quanto mais alto o contemplamos.

É, pois, compreensível que, desejoso de uma vida melhor sejam concedidas às tuas possibilidades atuais as lutas redentoras para mais altos vôos.

Com as percepções espirituais desenvolvidas e sintonizadas com as Esferas da Luz, teus inimigos desencarnados, na retaguarda, redobram a vigilância junto aos teus movimentos e, de paixões açuladas ante a perspectiva de perderem o comensal de antigas loucuras, atiram-se, desordenadamente, “dispostos a tudo”…

Ora, porfia, estuda e ama.

A oração elevar-te-á além das sombras densas.

A porfia retemperará tuas forças.

O estudo dilatará a tua faculdade de discernir.

E o amor te concederá as láureas da paz, oferecendo-te os tesouros inalienáveis da felicidade sem jaça.

* * *

Em “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec, o Embaixador das Cortes Celestes, registrou:

“Sob a influência das idéias carnais, o homem, na Terra, só vê das provas o lado penoso…”

“Na vida espiritual, porém, compara esses gozos fugazes e grosseiros com a inalterável felicidade que lhe é dado entrever e desde logo nenhuma impressão mais lhe causa os passageiros sofrimentos terrenos…” .

” Não é possível, no estado de imperfeição em que te encontra, gozar de uma vida isenta de amarguras. Ele o percebe e, precisamente para chegar a frui la, é que trata de se melhorar.”.

Joanna de Ângelis

Psicografia de Divaldo Pereira Franco

Livro: Dimensões da Verdade – 18

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