Como Conviver com as Tentações?
“Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.”– (Tiago, 1:14.)
Iniciamos este nosso artigo, recorrendo ao dicionário da língua portuguesa para entender o significado da palavra “Tentação”, conforme segue: Substantivo feminino. Atração por coisa proibida. Movimento íntimo que incita ao mal. Desejo veemente.
Os Espíritos Superiores atendendo às questões formuladas pelo codificador da Doutrina Espírita, sobre o assunto, esclareceram-nos nas perguntas abaixo, extraídas de O Livro dos Espíritos que seguem.
712 – Com que fim pôs Deus atrativos no gozo dos bens materiais?
“Para instigar o homem ao cumprimento da sua missão e para experimentá-lo por meio da tentação.”
- a) – Qual o objetivo dessa tentação?
“Desenvolver-lhe a razão, que deve preservá-lo dos excessos.”
Se o homem só fosse instigado a usar dos bens terrenos pela utilidade que têm, sua indiferença houvera talvez comprometido a harmonia do Universo. Deus imprimiu a esse uso o atrativo do prazer, porque assim é o homem impelido ao cumprimento dos desígnios providenciais. Mas, além disso, dando àquele uso esse atrativo, quis Deus também experimentar o homem por meio da tentação, que o arrasta para o abuso, de que deve a razão defendê-lo.
Traçou a Natureza limites aos gozos?
“Traçou, para vos indicar o limite do necessário. Mas, pelos vossos excessos, chegais à saciedade e vos punis a vós mesmos.”
Que se deve pensar do homem que procura nos excessos de todo gênero o requinte dos gozos?
“Pobre criatura! Mais digna é de lástima que de inveja, pois bem perto está da morte!”
- a) – Perto da morte física, ou da morte moral?
“De ambas.”
O homem, que procura nos excessos de todo gênero o requinte do gozo, coloca-se abaixo do bruto, pois que este sabe deter-se, quando satisfeita a sua necessidade. Abdica da razão que Deus lhe deu por guia e quanto maiores forem seus excessos, tanto maior preponderância confere ele à sua natureza animal sobre a sua natureza espiritual. As doenças são, ao mesmo tempo, o castigo à transgressão da lei de Deus.
Parece-nos claro que o desenvolvimento da razão é algo, imprescindível, ao indivíduo para que atenda ao impositivo da Lei Maior, que estabelece que todo excesso é desnecessário, principalmente, em relação aos bens materiais que nos levam ao abuso indiscriminado desses recursos, causando prejuízos não só à sociedade como também a nós mesmos.
Por essa razão, o dinheiro, o poder, a evidência pessoal e etc podem representar obstáculos difíceis de serem vencidos e se tornarem causas de quedas e atrasos em nossa caminhada rumo à felicidade e a paz de espírito que tanto almejamos desfrutar um dia, conforme nos mostra a história da humanidade onde o que não faltam são exemplos de personalidades ilustres, em todos os setores da vida humana, que se deixaram arrastar pelos prazeres ilusórios das tentações.
Precisamos atentar para as instruções que os Emissários Superiores nos falam também sobre o papel da razão, que representa o equilíbrio e se alcança com o desenvolvimento da inteligência que Deus nos concedeu para o nosso crescimento intelectual, moral, e espiritual conforme podemos observar nas questões seguintes.
O progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual?
“Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente.” (192-365)
- a) – Como pode o progresso intelectual engendrar o progresso moral?
“Fazendo compreensíveis o bem e o mal. O homem, desde então, pode escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos.”
Peçamos a Deus, na prece ensinada por Jesus que “Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”, não nos esquecendo dos desafios que, muitas vezes, entendemos por mal e que, na verdade, são oportunidades necessárias ao nosso equilíbrio e quitação dos débitos contraídos diante das sábias e justas Leis Divinas.
Encerrando este artigo com as palavras de Emmanuel no capítulo 88 do livro Religião dos Espíritos conforme segue.
“…Recorda, porém, que toda dificuldade é teste renovador.
Todos somos tentados na imperfeição…”
A única fórmula clara e segura de vencer, no teste contra as influências inferiores, será sempre, o que for, com quem for e seja onde for, esquecer o mal e fazer o bem.
Francisco Rebouças
Fonte: Agenda Espírita Brasil