por Cláudio Fajardo
TU CRÊS QUE HÁ UM SÓ DEUS? ÓTIMO! LEMBRA-TE, PORÉM, QUE TAMBÉM OS DEMÔNIOS CREEM, MAS ESTREMECEM. (TIAGO, 2: 19)
Tu crês que há um só Deus? Ótimo! Meditar sobre a existência de Deus e a presença Dele em nossa vida tem sido a tônica do homem desde os primeiros momentos do Espírito na órbita do humano. Não poderia ser diferente já que até mesmo o materialista, o descrente, e o agnóstico, vieram de Deus e trazem em si a centelha do Eterno.
Caminhamos da multiplicidade para a Unidade, do politeísmo para o monoteísmo, e mais recentemente ampliamos ainda mais a voluta da nossa compreensão adotando o monismo.
Repetindo o autor deste belo texto que adotamos no momento para nossas reflexões, ótimo!
Todavia, tem isto nos sido útil para tornar-nos melhor?
Se sim, repetimos novamente, agora mais satisfeitos, ótimo! Se não tomemos cuidado, mudemos de direção…
A presença de Jesus em nosso meio pela encarnação teve um principal objetivo: fazer o homem compreender o seu amadurecimento realizado e promover neste a Realidade Espiritual.
Emmanuel com o poder de síntese que lhe é peculiar diria mais tarde:
“…precisamos, em verdade, do Espiritismo e do Espiritualismo, mas, muito mais, de Espiritualidade.”
Portanto, crer em Deus, promovê-Lo cada vez mais em nossa vida por meio de conceituação que espelha nosso progresso é sempre de muito valor, todavia não esqueçamos a lógica da argumentação de Tiago:
“Lembra-te, porém, que também os demônios creem, mas estremecem.”
Importante esta colocação porque define que não basta crer. O que diferencia o Cristão é a sua capacidade de aplicar na vida prática o que conhece em matéria de espiritualidade.
…também os demônios creem.
Tem sido feito uma confusão entre as palavras diabo e demônio como se estas significassem a mesma coisa. Em grego temos daimonion e diabolos, com sentidos diferentes.
Diabo em hebraico é satan, que literalmente quer dizer adversário.
O significado correto de demônio é: ser incorpóreo, bom ou mau, que tem habitualmente conhecimento superior ao dos homens.
A teologia cristã tradicional viu em satan um opositor a Deus, o que é um erro.
Tal crença se deu pelo entendimento incorreto do princípio de dualidade. Este princípio diz que cada unidade é metade de outra unidade mais completa.
Deste modo, cada unidade é dupla.
Afirma Pietro Ubaldi em A Grande Síntese:
“Os sinais + e – estão em toda parte e o binômio reconstrói a unidade, que sempre vos aparece como um par: dia-noite, trabalho-repouso, branco-negro, alto-baixo, esquerdo-direito, frente-atrás, direito-avesso, externo-interno, ativo-passivo, belo-feio, bom-mau, grande-pequeno, Norte-Sul, macho-fêmea, ação-reação, atração-repulsão, condensação-rarefação, criação-destruição, causa-efeito, liberdade-escravidão, riqueza-pobreza, saúde-doença, amor-ódio, paz-guerra, conhecimento-ignorância, alegria-dor, paraíso-inferno, bem-mal, luz-trevas, verdade-erro, análise-síntese, espírito-matéria, vida-morte, absoluto-relativo, princípio-fim.”
Toda dualidade contém o princípio de contradição, e aí que está o erro de analisar Deus sob este padrão, pois em Deus não há contradição, não há a mínima hipótese de haver oposição a Deus, pois este é o Absoluto, Deus é Unidade.
Assim, é mais correto usar a palavra demônio como ser incorpóreo, o que para nós espíritas é o mesmo que espírito. Porém a tradição viu em demônio um Espírito mau fazendo oposição a anjo que seria um Espírito bom.
Esta é a conceituação espírita para a expressão, e Tiago afirma que mesmo os Espíritos maus acreditam em Deus e a Ele temem, mostrando-nos, como já comentamos que é ineficiente crer e temer a Deus, o que importa a nós é transformar-nos para melhor, através da fé em Deus.
Explorando ainda um pouco mais este assunto, mesmo que talvez nos façamos repetitivos, não podemos deixar de citar algumas anotações do professor e escritor norte americano Russell Champlin sobre o tema.
Segundo considera este conceituado teólogo:
“[O vocábulo demônio] era empregado no grego clássico, ocasionalmente como sinônimo do termo “theos”, “deus”. Assim usou Homero (século IX A.C.). Por outros autores, entretanto, a palavra foi utilizada para indicar certas divindades subordinadas… é provável que por causa dessa mesma circunstância é que a palavra eventualmente passou a significar alguma entidade sobrenatural cujo propósito é o de praticar a maldade. Esse termo também tem sido usado para referir-se às almas dos homens que, por ocasião da morte, são elevados a determinados privilégios, e, posteriormente, passou a indicar os espíritos humanos em geral, partidos deste mundo. Gradualmente esse vocábulo foi se limitando aos espíritos malignos em geral, sem qualquer definição sobre a origem ou natureza desses espíritos.”
Do princípio ao fim as Escrituras comprovam a realidade do mundo dos espíritos, que tanto podem ser maus quanto bons…
Os espíritos malignos têm influência sobre os homens, e procuram ocupar seus corpos (ver Mc, 5: 8 e Mt, 12: 43 e 44) .
Nada há nisso de novo para nós os espíritas, porém, e por isso citamos este texto, mesmo que seja repetição do que já havíamos dito, trata-se de uma exposição de um teólogo protestante. Dito por um seguidor de Kardec não é novidade, mas e sendo este autor considerado exegeta ligado às lides evangélicas?
E ainda continua Champlin em outro ponto do mesmo artigo:
Muitos psicólogos modernos duvidam que exista realmente a possessão por meio de espíritos, mas a experiência universal com tais espíritos desaprova essas dúvidas. Alguns daqueles que se ocupam de pesquisas psíquicas, nestes últimos anos, estão convencidos da realidade do mundo dos espíritos, tanto bons quanto maus. É uma completa tolice pensar que simplesmente porque não podemos ver os espíritos, eles não existem – todavia, alguns sensíveis (pessoas psiquicamente dotadas) asseveram que podem ver ocasionalmente aos espíritos, e alguns deles veem-nos regularmente…
(…) Era ponto teológico comum, entre os judeus (sendo ensinado nas escolas teológicas judaicas dos fariseus e de outros), que os demônios, capazes de possuir e de controlar um corpo vivo, são espíritos de mortos partidos deste mundo, especialmente aqueles de caráter vil e de natureza perversa. (ver Josefo, de Bello Jud. VII 6.3)
O artigo continua, mas nós não queremos mais cansar os leitores destas linhas, importando apenas reconhecermos que ao analisarmos o Evangelho à luz dos ensinamentos espíritas não estamos divagando, simplesmente tendo olhos de ver o que até mesmo outros, ligados a outras escolas religiosas, no entanto de mente aberta, puderam perceber.
Acompanhe também os estudos do Livro “Gênesis” à luz da Doutrina Espírita na Rede Amigo Espírita:
http://www.redeamigoespirita.com.br/group/espiritismo-e-evangelho/f…
Claudio Fajardo de Castro (Juiz de Fora/MG)
e-mail: fajardo1960@gmail.com