Vícios na Visão Espírita e Dificuldades em Deixá-los
Fernanda Oliveira
Vício, segundo o dicionário Michaelis Online, é defeito físico ou moral, imperfeição grave de uma pessoa ou coisa; disposição natural ou tendência para praticar o mal; qualquer ação ou comportamento nocivo motivado por essa tendência; qualquer costume condenável ou prejudicial; costume ou habito permanente de fazer algo; mania; dependência de uma ou mais de uma droga estupefaciente ou de bebida alcoólica, levando a um consumo geralmente incontrolável.
A maioria de nós, de uma forma ou outra, cultivamos às vezes de forma inconsciente ou não, algum tipo de vício em menor ou maior grau. Vícios demonstram situações e conflitos psicológicos, que levam a busca de algum tipo de fuga que possa amenizar a dor de viver, a perplexidade ou negação da vida, medos e inseguranças.
São desajustes de ordem emocional da nossa natureza imperfeita que objetiva o imediatismo material antes do espiritual. Evidenciam a nossa posição mental inferior que nos leva a hábitos e vontades negativas.
As ilusões do mundo impedem a visão da realidade, e muitos não suportam a realidade e preferem fugir através dos vícios, buscando entorpecer os sentidos para que não tenham que enfrentar a si mesmos. Geralmente os vícios são materiais, como comida, sexo, drogas, trabalho em excesso, etc.
Quando não fazemos nada e descansamos muito, machucamos o corpo, praticamos muita atividade física, consumismo…
O indivíduo perde o equilíbrio e ilude-se supondo que felicidade é o prazer proporcionado pelo hábito prejudicial praticado. A pergunta 712 de O Livro Dos Espíritos questiona: “Com que objetivo Deus pôs um atrativo nos gozos dos bens materiais? Para incitar o homem ao cumprimento de sua missão e, também, para experimentá-lo, através da tentação.” a) Qual o objetivo dessa tentação? “Desenvolver sua razão, que deve preservá-lo dos excessos.” Se comemos demais, usamos drogas ou bebidas alcoólicas, fumamos ou machucamos nosso corpo de qualquer outro modo, estaremos danificando nosso corpo físico que é nosso principal instrumento e estaremos agindo em desarmonia com as leis divinas.
Segundo André Luiz, em Nosso Lar, certos comportamentos criam uma espécie de glomérulo negro, que ataca o aparelho físico do espírito por meio do perispírito; podendo causar a animalização do espírito devido aos miasmas adquiridos pelos pensamentos e pelas companhias espirituais que o uso de alucinógenos e de vícios criam.
Segundo esclarecimento da questão 714 de O Livro Dos Espíritos: “O homem que procura, nos excessos de todos os gêneros, um refinamento de gozos coloca-se abaixo do animal, pois este sabe parar, quando satisfeita a sua necessidade. Abdica da razão que Deus lhe deu como guia e, quanto maiores forem os seus excessos, maior preponderância ele dá à sua natureza animal sobre sua natureza espiritual. As doenças, as enfermidades, a própria morte, que são consequência do abuso, são, ao mesmo tempo, a punição à transgressão da lei de Deus”.
O corpo humano funciona como uma esponja que suga o que vai para o espírito. O corpo físico expressa o que vai nos nossos pensamentos, atitudes, no nosso interior e coração.
Cada um vive no campo de sua sementeira. A influência dos nossos pensamentos é de grande significação. Os vícios são resultado de um comportamento desequilibrado da mente. Todo mal por nós praticado expressa, de algum modo, lesão em nossa consciência e toda lesão determina distúrbio ou mutilação no organismo que exterioriza o modo de ser. Temos uma boa noção do que faz mal e do que faz bem ao nosso organismo. Quando cometemos excessos ou utilizamos e abusamos de substâncias prejudiciais acabamos criando necessidades que não são reais. Por meio dos pensamentos, os obsessores encontram os vícios compatíveis com as afinidades trazidas de sua encarnação passada. A compulsão passa a satisfazer o vício do espírito obsessor, não mais apenas do encarnado. Através dos nossos pensamentos emocionais, intelectuais e morais atraímos espíritos afins, que penetram no nosso pensamento e nos influenciam, quando estamos na mesma faixa vibratória nos conectamos ao espírito desencarnado sofrendo o processo de obsessão; sendo coagido por automatismos vibratórios e entrando em sintonia com aqueles pensamentos, esses espíritos exercem uma influência sutil e eficiente e nos inspiram.
Nós espíritas somos pessoas como todas as outras pessoas; somos repletos de defeitos, ignorâncias, desconhecimentos e também portadores de virtudes. Conhecer a si mesmo é básico, saber onde a vida dá certo, encontrar a si e onde se realiza, devemos buscar estar plenos com uma vida que faz sentido. O objetivo maior da reencarnação é a capacidade que o ser possui de discernir e de fazer escolhas válidas para o seu próprio progresso. Dotado do livre arbítrio, ou seja, da liberdade de escolha, é o espírito o construtor de seu próprio destino.
Nossas ações sejam boas ou más ficam nos arquivos do inconsciente. Somos sempre autores de nossos sofrimentos ou da nossa felicidade e paz. Quando maltratamos nosso corpo físico ele morre antes do prazo que seria adequado a nossa encarnação e assim deixamos de ter a chance de aprender conceitos valiosos para o nosso desenvolvimento moral e espiritual. Não existe na Terra indivíduos que não passaram pelo caminho do erro para acertar, da sombra para enxergar a luz e da dor para apreciar o amor.
A doutrina espírita é um manual de educação integral oferecido a humanidade para a sua formação moral e espiritual na escola da Terra, com finalidade de promover o ser humano com fé racionada e ativa. A cura é a restauração biológica que reorienta o espírito, é como perder o caminho, a direção e depois retornar para a rota. Dentro de cada um está a sua cura para todos os males. Não existe mudança nos efeitos se não mudarmos as causas. O objetivo maior da reencarnação é a capacidade que o ser possui de discernir e de fazer escolhas válidas para o seu próprio progresso
Vamos caminhando com escolhas conscientes, buscando o nosso equilíbrio, vigiando nossos pensamentos e atitudes na seara do bem.
Fernanda Oliveira
Fonte: Blog Letra Espírita
REFERÊNCIAS
1- KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004.
2- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 7ª edição. São Paulo. Ed. Lake, 2003.
2- KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo: noções elementares do mundo invisível, pelas manifestações dos Espíritos. Rio de Janeiro. Ed. FEB, 2005.
3- NETO, Alexandre Caldíni. A vida na visão do Espiritismo. 1ª edição. Ed. Sextant, 2017.
4- SCHUBERT, Suely. Transtornos Mentais. Ed. InterVidas, 2012.
6- XAVIER, Chico. Nosso Lar. Rio de Janeiro. Ed. FEB, 2014