Wellington Balbo
Ao fazer o bem, não espere facilidades.
Wellington Balbo – Salvador – BA
Fui assistir o filme de Irmã Dulce e sai da sala emocionado. Que vida linda foi a dela! Mesmo fazendo o bem encontrou adversários, opositores, aproveitadores e passou por humilhações variadas, porém ainda assim prosseguiu em sua missão.
Muitos de nós consideramos que o fato de fazermos o bem facilitará as coisas.
Alguns pensam: Meu Deus, ajudo tanta gente, mas recebo provas pesadas.
É assim mesmo que funciona, não adianta nos iludirmos. Estamos em um planeta de provas e expiações, sujeitos a situações e testes dos mais variados matizes. As provas não vem apenas para nós, mas para todos que estão encarnados em planetas na categoria de provas e expiações.
No entanto, importante lembrar que realizando o bem estaremos atraindo a nós a presença dos bons espíritos que nos auxiliarão a vencer nossas provações. Ademais, fazer o bem, cumprir as obrigações, ser honesto, correto, íntegro, enfim, praticar o evangelho, traz-nos o o que há de mais precioso neste mundo: a paz de consciência.
Paz de consciência que reflete na serenidade do espírito que sabe de suas limitações, todavia, também reconhece seus esforços por superar a si mesmo, e por isso está em paz com sua própria consciência.
Penso que o segredo é nos desapegarmos da ideia de que fazendo o bem receberemos de volta o bem. Se fazemos o bem pensando no que receberemos de volta fica um pouco complicado, uma espécie de moeda de troca com o universo, mais ou menos do tipo assim: Faço o bem hoje porque quero receber o bem amanhã. Contudo, nossa visão ainda limitada e imediatista não sabe realmente o que é o bem para nós. Não raro a situação complicada de hoje é o degrau para a felicidade do amanhã. Eis, então, que quando o que queremos não acontece vem a decepção e a frase: Poxa, faço o bem, cumpro com minhas obrigações, mas só recebo pedrada da vida.
Recordo-me de um grande amigo que trabalhava comigo. Homem correto e cumpridor de seus deveres. Criatura reta, trabalhadora e servidora de Jesus. Uma época ele estava decepcionado com a vida. Sentia-se injustiçado e não foram poucas as vezes que chorou em nossos diálogos. Afirmava: Poxa, rapaz, parece que não consigo comprar meu carro. Quero tanto, mas o financiamento nunca é aprovado pelo banco. Estranho que meu nome é limpíssimo e minha renda corresponde. Por que está empacado, me diz?
Eu dizia: Calma, meu caro, quem sabe o futuro reserva algo melhor para você.
Ele, ao ouvir, respondia: Quê nada! A vida se esqueceu de mim!
Eis, porém, que após uns 4 meses ele recebeu aumento salarial, em realidade uma polpuda comissão pela venda de um imóvel e pôde comprar o carro a vista, sem necessitar de qualquer tipo de financiamento.
Eu o parabenizei e disse: Olha só, a espera valeu a pena, meu amigo. Viu como a vida não se esqueceu de você.
O problema é que as coisas têm o seu próprio tempo, mas nós, apressados, queremos antecipar tudo.
Calma!
Nada de esperar “moleza” porque faz trabalho voluntário, ajuda os mais necessitados e coisas do gênero.
Não encontraremos facilidades em nada. E isso é bom, porque são as dificuldades que nos fazem exercitar as potencialidades do espírito.
Mesmo que nossos ideais sejam nobres devemos esquecer facilidades.
Se tenho um objetivo que eu o faça acontecer. Ocioso esperar do Céu se nossas mãos estão inertes.
A propósito, se algum dia encontrarmos numa dessas esquinas do universo Kardec, Ghandi, Irmã Dulce ou Madre Tereza, perguntemos a eles se encontraram facilidades em suas trajetórias.
Provavelmente a história narra a saga desses personagens de forma menos dramática do que realmente foi.
Mas eles prosseguiram.
E nós, vamos seguir a diante ou parar?
Wellington Balbo (Salvador/BA) é membro da Rede Amigo Espírita