Aborto: Quem decide por uma vida, salva e transforma muitas outras

Aborto: Quem decide por uma vida, salva e transforma muitas outras

Pai e filho de mãos dadas  

Pai e filho de mãos dadas

Quem pode prever o destino de uma nova vida? Essa resposta é muito difícil de ser dada. Na verdade, impossível, pois não temos como saber os destinos de um novo ser que chega ao mundo.

Neste mês, em que comemoramos o Dia das Mães, podemos exercitar essa visão de forma muito verdadeira. Se você é mãe, ou mesmo pai, olhe para seu filho, independentemente de sua idade, e ao observá-lo, imediatamente, você perceberá que não somos capazes de adivinhar o curso por onde a vida se expressa em um filho. A beleza da vida é exatamente essa imprevisibilidade que nos surpreende, que não nos cabe controlar nem, muito menos, cercear. E sempre que optarmos pela vida, lutarmos por ela, estaremos seguindo a rota certa. Seguiremos a Lei Divina, que nos apresenta a vida pulsante, presente e renovável em tudo que nos oferece.

A decisão pela interrupção da vida, portanto, em qualquer momento dela, principalmente na fase uterina, é uma ação que deliberadamente nos coloca diante de consequências que desconhecemos, pois não temos como prever qual seria a trajetória daquele Espírito reencarnante. Para nossa reflexão, podemos nos colocar no lugar de mães que um dia tiveram dúvidas sobre a continuidade da gravidez e pensaram em abortar, assim como podemos citar casos conhecidos de personalidades que chegaram a correr o risco de não reencarnarem.

E se Steve Jobs não tivesse nascido?

Hoje, por exemplo, o mundo desconheceria o iPhone e o iMac se Joanne, a mãe biológica de Steve Jobs, tivesse interrompido sua gravidez depois de engravidar de um namorado, mas ela decidiu pelo caminho da adoção depois de dar à luz e o entregou para um casal, que o criou.

“Este filho ainda vai te dar muitas felicidades”. Essa frase, dita pelo médico da sra. Maria Dolores, foi marcante para que ela, depois de muitas tentativas, pudesse desistir do abortamento daquele que seria seu quarto filho e que, ao nascer, ganharia o nome de Cristiano Ronaldo, o astro português que já foi eleito o melhor jogador do mundo.

A sra. Edi foi vítima de uma grave apendicite, sendo até mesmo encorajada pelos médicos a interromper a gravidez, que a alertavam sobre os riscos de a criança nascer com deficiência. Ela não desistiu. Seu filho nasceu com glaucoma congênito, e aos 12 anos de idade, após um acidente jogando bola, ficou totalmente cego, mas a limitação visual não impediu Andréa Bocelli de se tornar uma das mais admiradas vozes do mundo e emocionar multidões.

Muitos outros casos como estes poderiam ser contados. São histórias que mostram a importância da decisão que as mães tomaram de optarem pela vida, sendo esta decisiva na vida de milhares de pessoas.

Optando pela vida

Para nos aproximarmos mais de nosso campo de observação, temos um caso emocionante de decisão pela vida que foi registrado pelo dr. Décio Iandoli Jr. em seu livro Marlene Nobre e o ideal médico-espírita, também contado em vídeos na Internet pelo dr. José Nilson Nunes Freire. Ambos conviveram muito intensamente com a dra. Marlene e foram testemunhas da incrível história em que a vida triunfou. Reproduzimos aqui, resumidamente o comovente relato do dr. Décio:

“Certa vez em Santos, no ano 2000, a  AME […] organizou com a equipe do Mednesp […] uma Jornada Médico-Espírita. […] Durante o encontro, que foi realizado no auditório da Universidade Santa Cecília, a Dra. Marlene estava descansando e conversando no intervalo do evento quando se aproximou do grupo uma moça que contava com cerca de 30 anos, no máximo, e que se apresentou dizendo que gostaria de conhecê-la pessoalmente, visto que acompanhava de longe seu trabalho.

A Dra. Marlene a cumprimentou e, em seguida, a moça perguntou se a doutora se lembrava de uma ex-funcionária dela que trabalhou na sua casa em São Paulo como doméstica, há muito tempo. A doutora ficou um tanto pensativa, não sei se a informação teria sido suficientemente relevante, mas a moça retomou a história:

– Ela era jovem e apareceu grávida de um namorado que a havia abandonado quando soube da gestação, e ela procurou a senhora para ajudá-la com o aborto.

Nesse momento, o semblante da doutora se modificou, parecia que ela havia se lembrado do caso e da funcionária. A moça continuou a narrativa:

– Ao invés de ajudá-la com o aborto, a senhora a incentivou a manter a gestação e se colocou à disposição para ajudá-la, pediu que ela não retirasse a criança. O seu marido, o Dr. Freitas Nobre, conseguiu que ela recebesse uma pensão, e a senhora cuidou do pré-natal e do parto, que ocorreu sem problemas.

Nesse ponto, a doutora interveio e se colocou dizendo:

– Lembro-me bem desse caso, ela foi embora após o parto e eu nunca mais tive notícias.

Com a voz embargada, a moça continuou:

– Doutora Marlene, eu sou a filha dela…

O momento impactou a todos os presentes, e ambas começaram a chorar e se abraçaram. Após o abraço sentaram-se, e a moça continuou dizendo:

– Não tivemos uma vida fácil, mas minha mãe conseguiu me educar e eu acabei conseguindo realizar meu sonho de fazer a faculdade de Medicina. Hoje sou neurologista e nunca me esqueci do seu nome, pois a minha mãe me contou essa história muitas vezes, de como a senhora havia salvado a ela e a mim também.”

Quantas vidas mais essa médica neurologista vai impactar, salvar, acolher e tratar? Não temos como saber. Que esse exemplo da dra. Marlene possa nos inspirar.

Ao optarmos por uma vida, podemos transformar outras milhares de vidas. Um ato de amor se multiplicará em muito mais do que podemos imaginar. Viva a vida, viva nossas mães que um dia disseram sim à vida para que aqui pudéssemos estar.

Fonte: Folha Espírita

(FE – maio de 2022 – nº 579)

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