Vampiros Espirituais

Vampiros Espirituais

Autoria: Sylvinha Gonçalves

Certa noite, cansado do Umbral, resolvi ir à festa. Entrei, sem a menor dificuldade, numa boate e me aproximei de um casal. Sentados na área externa do ambiente, o homem e a mulher tomam suas bebidas em grandes goles e riam descontroladamente, visivelmente embriagados.

– É agora! – Disse, animado

Simplesmente colei neles me beneficiando do álcool que fortemente exalavam. Ainda não era suficiente para o meu próprio “barato” e os influenciei para que comprassem mais bebida.

O homem se levantou e foi até o bar, enquanto que a mulher, para a minha alegria, tirou da bolsa um maço de cigarros, mas não encontrava o isqueiro. Agitada, começou a vasculhar a bolsa, mas eu, o localizando, dei meu comando e logo ela acendeu o seu cigarro. Aspirei profundamente a fumaça, ainda quente de seus pulmões, relaxando com minha parceira da noite.

Após uns minutos, avistei duas jovens, que eram bem mais vantajosas. Elas se dirigiram ao banheiro e peguei carona, pois sabia que o melhor estava por vir.

Ciente de suas intenções, distraí as duas mulheres que estavam na porta, fazendo com que elas desistissem e voltassem para a pista. Fiquei de sentinela, enquanto uma delas colocava sobre a pia um estojo espelhado com pó, oferecendo à amiga. Tudo sob controle, as duas se revezaram, limparam os narizes, lavaram as mãos e saíram.

Ainda não estava satisfeito. Foi então que segui um casal nada discreto, indo em direção à ala reservada somente aos casais. Facilmente os induzi à prática sexual, aproveitando-me das energias genésicas e disputando com outros, que grudaram em seus órgãos sexuais como lobos sobre um pedaço de carne.

Estava quase satisfeito – já bebera, fumara, experimentara as sensações do sexo, mas me faltava um pouco mais de emoção.

Deixei a casa noturna e peguei carona com uma turma de homens que planejavam um jogo, com aposta alta.

Na casa havia tudo o que eu já consumira. Fiquei na bebida e de olho no jogo. Percebi, pela conversa, qual era o indivíduo mais vulnerável e decidi atormentá-lo. Até agora eu apenas usufruíra, mas estava na hora de mais emoção e à custa dos panacas.

Célio era o seu nome. Faltava pouco para se divorciar. A esposa estava farta de suas noitadas, bebedeiras e das dívidas que contraíra. Eu o achei o alvo perfeito. Ele havia pedido dinheiro emprestado a um amigo, prometendo dividir com ele o prêmio e se perdesse, lhe pagaria uma caixa de bebidas.

Eu fiz de tudo para que Célio ganhasse a aposta. Confundi a cabeça dos jogadores, fiz com que trocassem as cartas, enfim, tudo entre xingamentos e brigas. Por fim, deixei que os ânimos se acalmassem para que Célio voltasse para casa… outra hora acertaria o que devia ao amigo.

Queria vê-lo em cena com a esposa, que o esperava, sem dormir, com os nervos alterados.

Nem bem entrara e Joana iniciou a discussão, o culpando, como sempre, por suas aventuras. Célio quis tranquiliza-la mostrando o dinheiro sujo e fazendo novas promessas de que tudo melhoraria, mas a mulher estava intratável e eu, eu dei uma forcinha, é claro. Para resumir, finalmente Joana pediu o divórcio e o resto, ah, o resto é resto; o que importa é que dei muita risada!

Já era de manhã e minha próxima parada foi na padaria, sendo que, logicamente eu não poderia comer, mas me fartaria através dos comilões. Me juntei a uma família, que fazia seu desjejum – um casal e dois filhos, dois meninos. A mesa era farta e eu abrira-lhes ainda mais o apetite. Comeram e beberam até não poderem mais e eu, igualmente estava cheio, cheio daquela energia toda.

Àquela hora, as lojas já estavam se abrindo. Para encerrar o meu passeio fui ao Shopping. Não foi difícil de localizar alguma madame. Acompanhei uma mulher bem vestida e a fiz parar em frente a uma vitrine de sapatos e bolsas. Agucei o seu interesse, dando dicas de sapatos e bolsas mais caros, sugestionando sua mente a se recordar dos cartões de crédito que ainda poderia usar.

Eu me sentia muito bem. Fiz a dondoca usar e abusar dos cartões. Ela estava feliz e eu, mais ainda, pois me alimentava de sua compulsão e euforia.

Agora era hora de voltar ao Umbral. Estavam me chamando e já me dava por satisfeito.

– Ah se estes encarnados soubessem como e o quanto podem ser manipulados! Eles podem e eu, quem disse que eu não posso? Vou, mas chamarei para o próximo passeio meus parceiros, assim nos divertiremos todos juntos! Afinal, tem para todos!

Sylvinha Gonçalves

Fonte: kardecriopreto.com.br

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