OS EFEITOS DA AUTÓPSIA NOS ESPÍRITOS

OS EFEITOS DA AUTÓPSIA NOS ESPÍRITOS

O Mentor permaneceu na Enfermaria, pelo período em que tinha curso a necropsia para a identificação da causa mortis e outros comportamentos legais. Observamos que os Espíritos, mesmos distanciados dos corpos que se faziam examinados, retratavam as ocorrências que os afetavam, provocando sensações cruciantes. O motorista, por ser incurso em maior responsabilidade, manteve-se em sono agitado por todo o tempo. Devido às fortes vinculações com a matéria, experimentava as dores que lhe advinham da autópsia de que o corpo era objeto. Embora contido por enfermeiros diligentes sofreu cortes e serração, profundos golpes nos tecidos e costuras…

‘Recordemos que se encontrava sob amparo, não ficando, todavia, isento à responsabilidade pelos erros que a juventude extravagante lhe facultara.

‘Em autópsia, muitos Espíritos que se deixaram dominar pelos apetites grosseiros e se ficam apenas no corpo, quando não fazem jus a assistência especializada, enlouquecem de dor, demorando-se sob os efeitos lentos do processo a que foram submetidos os seus despojos.

‘Desse modo, cada um dos jovens, apesar de todos haverem desencarnado juntos, no mesmo momento, experimentava sensações de acordo com os títulos que conduziam, de beneficência e amor, de extravagância e truculência.

‘Correspondendo à hora do reconhecimento e translado dos corpos pelos familiares para as providências da inumação cadavérica, acompanhamos o despertar de quase todos, sob os duros apelos dos pais e irmãos, partindo, semi-hebetados, para os atender…

‘As nossas providências de socorro não geram clima de privilégio, nem protecionismo injustificável. Cada um respira a psicosfera que gera no campo mental. Todos somos as aspirações que cultivamos, os labores que produzimos.

A cruz, porém, é intransferível, de cada qual. Podemos ajudar a diminuir-lhe o peso, não a transferi-la de ombros.

‘A agitação era geral. Podíamos observar que rápidas flechadas de forte teor vibratório os alcançavam, fazendo-os estremecer, estorcegar.

‘O motorista subitamente apresentou uma facies de loucura, ergue-se, trêmulo, respondendo algo com palavras desconexas e como que envolto pelo fio de densa energia que o alcançava, pareceu sugado, desaparecendo…

‘- Foi atender – elucidou Dr. Bezerra – aos que o chamam sob chuvas de blasfêmias e acusações impróprias.

‘A família soube, pela Polícia, que ele havia ingerido alta dose de drogas, o que parecia responder pelo acidente, provocando, a informação, mágoa e revolta nos pais.

‘Em continuação, mais dois se evadiram do local de amparo obedecendo ao impositivo evangélico: “Onde estiver o tesouro, aí estará o coração”.

‘Fábio e outro amigo, porque não se encontrassem muito comprometidos com os vícios e viessem de uma estrutura familiar mais digna, foram poupados à presença do cadáver e às cenas fortes que se desenrolaram antes e durante a inumação dos corpos.

‘Não se furtariam, é certo, ao mecanismo de recuperação, apesar da ajuda da antiga mãezinha, que o reembalava nos braços, na condição de avó.

‘Desperta-se, cada dia, com os recursos morais com que se repousa, à noite.

‘Além do corpo, cada Espírito acorda conforme o amanhecer que preparou para si mesmo.

Fernando Rossit

Baseado na obra: Nas Fronteiras da Loucura: Manoel P. Miranda/Divaldo P. Franco

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