IV – CIÊNCIAS COMBINADAS
Emmanuel
80 –As chamadas ciências combinadas, entre as quais a História, a Geologia e a Geografia, surgiram no mundo tão-só pelo esforço dos Espíritos aqui encarnados?
-Indiretamente, as criaturas humanas têm recebido, em todas as épocas, a cooperação do plano espiritual para a edificação dos seus valores mais legítimos.
As chamadas ciências combinadas são expressões do mesmo quadro de conhecimentos humanos, com igual convergência para a sabedoria integral, no plano infinito.
A História, como a conheceis, não é uma estatística dos acontecimentos do planeta através das palavras?
Todas elas são processos evolutivos para os valores intelectuais do homem, a caminho das conquistas definitivas de sua personalidade imortal.
81 –Nos planos espirituais a história das civilizações terrestres é conhecida nas mesmas características em que a conhecemos através dos narradores humanos?
-A descrição dos fatos é aproximadamente a mesma; todavia, os métodos de apreciação dos acontecimentos e das situações divergem de maneira quase absoluta.
Muitas vezes os heróis nos livros da Terra são entidades misérrimas na esfera espiritual. Verifica-se, então, o contrário. Conhecemos Espíritos altíssimos que vieram do mundo cobertos de virtudes gloriosas, e que não constam de nenhuma lembrança da Humanidade. Os altares e as galerias patrióticas da Terra foram sempre comprometidos pela política rasteira das paixões. Poucos heróis do planeta fazem jus a esse título no mundo da verdade.
É por essa razão que a história do orbe sendo exata, no concernente à descrição e à cronologia, é ilegítima no que se refere à justiça e à sinceridade.
82 – Os falsos julgamentos da História agravam a situação dos que se desprendem do mundo, na qualidade de heróis, sem que o sejam?
-As exéquias solenes, os necrológios brilhantes, os pomposos adjetivos que se concedem aos “mortos”, em troca do ouro da posição convencional que deixaram, afligem os que partiram pela morte, de maneira intraduzível. Penosa situação de angústia se estabelece para esses Espíritos sofredores e perturbados, que se envergonham de si mesmos, experimentando a mais funda repugnância pelas homenagens recebidas.
Cessada essa fase do julgamento insincero do mundo, freqüentemente se poderá observar a incoerência dos homens.
O “antigo herói” volta ao orbe com as vestes do mendigo ou do proletário rude, aprendendo nas lágrimas silenciosas a compor os cânticos do dever e do trabalho santificantes; todavia, ninguém o vê, porque, na história do mundo, em todos os tempos, o homem sempre incensou a tirania e raramente fixou o olhar inquieto na flor carinhosa e humilde da virtude.
83 –É o historiador responsável pelos juízos falsos da História?
-Considerando-se que cada Espírito, encarnado tem sua tarefa especial nesse ou naquele setor evolutivo, os historiadores que se deixam mergulhar no interesse econômico das sinecuras políticas; embriagados pelo vinho da mediocridade; responderão além-túmulo pela exploração comercial da inteligência que hajam praticado na Terra, adulterando a justiça e o direito, evitando a verdade, ou fornecendo mentiras ao espírito confiante dos pósteros.
84 –Se um Espírito no plano invisível não é realmente uma criatura santificada, como receberá as orações de seus devotos, se a história do mundo o canonizou?
-A canonização é um processo muito arrojado das ambições humanas, para ser considerado perante a verdade espiritual.
Conhecemos inquisidores, verdugos de povos e traidores do bem, conduzidos ao altar pelo falso julgamento da política humana. A prece dos devotos invocando o seu socorro muitas vezes sem se lembrarem da paternidade de Deus, ecoa-lhes no coração perturbado como vozes de acusação terrível e dolorosa, porquanto reavivam ainda mais a nudez de suas feridas.
Freqüentemente, os Espíritos que se encontram nessa penosa situação rogam a Jesus a concessão das experiências mais humildes na Terra, a fim de olvidarem os ruídos nocivos das falsas glórias do planeta, no silêncio das grandes dores que iluminam e regeneram.
85 –As primeiras formas planetárias obedeceram a um molde especial preexistente?
-Jesus foi o divino escultor da obra geológica do planeta. Junto de seus prepostos, iluminou a sombra dos princípios com os eflúvios sublimados do seu amor, que saturaram todas as substâncias do mundo em formação.
Não podemos afirmar que as formas da Natureza, em sua manifestação inicial, obedecessem a um molde preexistente, no sentido de imitação, porque todas elas receberam o influxo sagrado do coração do Cristo.
A verdade é que, assim como as vossas construções materiais, todas as obras viveram previamente no cérebro de um engenheiro ou de um arquiteto, todas as formas de vida na Terra foram primeiramente concebidas na sua visão divina.
86 –Tendo sido a Terra formada pelo poder divino, por que passou o planeta por tantas etapas evolutivas, muitas das quais duraram milhões de anos?
-No infinito do Universo, a evolução do princípio espiritual tem de escapar a todas as vossas limitações de tempo e de espaço, na tábua dos valores terrestres.
As aquisições de cada indivíduo resultam da lei do esforço próprio no caminho ilimitado da criação, destacando-se daí as mais diversas posições evolutivas das criaturas e compreendendo-se que tempo e espaço são laboratórios divinos, onde todos os princípios da vida são submetidos às experiências do aperfeiçoamento, de modo que cada um deva a si mesmo todas as realizações, no dia de aquisição dos mais altos valores da vida.
87 –De onde foram tirados os elementos para a formação da Terra?
-Sabemos que a aglutinação molecular, bem como o motor transcendente do mundo, obedeceu ao sopro gerador da vida, oriundo do Todo-Poderoso e lançado sobre o infinito da criação universal; contudo, achamo-nos ainda na situação do aluno que encontrou a escola já edificada, cabendo-nos louvar e buscar, pelo trabalho e pelo aperfeiçoamento, o seu Divino Autor.
88 –Deve o homem terrestre enxergar nas comoções geológicas do globo elementos de provação para a sua vida?
-Os abalos sísmicos não são simples acidentes da Natureza. O mundo não está sob a direção de forças cegas. As comoções do globo são instrumentos de provações coletivas, ríspidas e penosas. Nesses cataclismos, a multidão resgata igualmente os seus crimes de outrora e cada elemento integrante da mesma quita-se do pretérito na pauta dos débitos individuais.
89 –Por que razão não existe nos textos sagrados uma notícia positiva das terras descobertas posteriormente à vinda de Jesus ao planeta?
-Nesse particular, temos de convir que a palavra das profecias, através de todos os tempos e situações do planeta, como eco das regiões divinas, não teve em mira senão a edificação do Reino de Deus nos corações, desprezando as fundações humanas, precárias e perecíveis. Todavia, no desdobramento das revelações, encontrareis notícias das novas terras, posteriormente descobertas, informações essas que se encontram sob os véus dos símbolos, como aconteceu com todas as demais notificações que o Velho e Novo Testamentos legaram ao homem espiritual.
Da Obra “O CONSOLADOR” – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER