Entrevista com Bezerra de Menezes (Espírito) – 1982
Resposta de Bezerra de Menezes, por meio do médium Júlio Cezar Grandi Ribeiro, a um questionário que lhe foi proposto sobre o relevante tema em foco.
1 – Qual a importância da Evangelização Espírita Infanto-juvenil na formação da Sociedade do Terceiro Milênio?
Reconhecendo-se no Espiritismo evangélico a presença do Consolador, do Paracleto, consoante as promessas de Jesus, disseminando por toda a Terra as luzes cristalinas da Verdade e despertando a consciência humana para a era porvindoura de uma autêntica compreensão espiritual da Vida, não é difícil entender-lhe a abençoada missão evangelizadora do mundo com vistas ao futuro onde as mais sublimes esperanças de felicidade na Terra se concretizarão.
Considerando-se, naturalmente, a criança como o porvir acenando-nos agora e o jovem como o adulto de amanhã, não podemos, sem graves comprometimentos espirituais, sonegar-lhes a educação, as luzes do Evangelho de Nosso Senhor Jesus-Cristo, fazendo brilhar em seus corações as excelências das lições do excelso Mestre com vistas à transformação das sociedades terrestres para uma nova Humanidade.
O momento que atravessamos no mundo é difícil e sombrio, enquanto as sociedades terrestres necessitam, mais e mais, dos tocheiros do Evangelho, a fim de que não se percam nos meandros do mal ou resvalem nos penhascos do crime os corações menos experientes e as almas desavisadas. O sublime ministério da Evangelização Espírita Infanto-juvenil nos pede prosseguir e avançar.
Nestes anos de transição que nos separam de novo milênio terrestre, é imprescindível abracemos, com empenho e afinco, a tarefa da evangelização junto às almas infanto-juvenis, tão carentes de amor e sabedoria, porém, receptivas e propícias aos novos ensinamentos. E isto com a mesma ansiedade e presteza com que o agricultor cedo acorda para o arroteamento do solo, preparando a sementeira de suas esperanças para abundantes meses da colheita pretendida.
Assim, faz-se inadiável buscarmos os serviços que nos competem junto à evangelização da criança e do jovem para que as comunidades terrestres, edificadas em Jesus, adentrem o Terceiro Milênio como alicerces ótimos de uma nova civilização que espelhe, no mundo, o Reino de Deus.
2 – Com que intensidade o Plano Espiritual tem apoiado o Movimento de Evangelização Espírita Infanto-juvenil? Como isto se opera?
A missão educativa do Espiritismo às almas é tarefa por demais intensa, contínua e crescente, buscando revelar a verdadeira luz e estimulando a fé junto aos panoramas regenerativos da Terra, onde somente um Mestre, que é Jesus, há de inspirar cada criatura em sua própria iluminação.
Assim sendo, sem improvisações, mas obedientes aos ditames dos Planos Superiores da Vida, entrevemos legiões de obreiros espirituais insinuando e sugerindo, orientando e estimulando, convocando e determinando, dirigindo e comandando, participando e servindo, diretamente, no seio da evangelização, notadamente de crianças e jovens, que representam esperanças dos céus nos jardins da Vida.
Mas, é importante salientar que o plano espiritual, somando esforços ao trabalho perseverante dos companheiros encarnados, conta, sobretudo, com a fidelidade dos servidores a Jesus, uma vez que na base do êxito almejado permanece a fiel observância das lições evangélicas, sob os ditames do amor incondicional.
3 – Como os Espíritos Superiores estão vendo a participação dos companheiros encarnados nas tarefas da Evangelização Espírita Infanto-juvenil?
Conquanto os operários da gleba humana disponham de livre-arbítrio o bastante para debandar ou desertar, esquecer ou adiar compromissos assumidos com a Vida, anotamos, com júbilos imensos, a excelente caravana de denodados lidadores da Evangelização Espírita Infanto-juvenil, de corações voltados para um melhor desempenho, coesos no interesse de sempre produzir o máximo pela dedicação de todos os dias. São companheiros jovens ou adultos, de ambos os sexos, afanosos, idealistas, conscientizados cada vez mais de que a obra não nos pertence, mas sim ao Mestre Amado que, por misericórdia, utiliza a todos por instrumentos de iluminação do mundo.
É notório que a especialidade da tarefa não se compraz com improvisações descabidas, tão logo a experiência aponte o melhor e o mais rendoso, razão pela qual os servidores integrados na evangelização devem buscar, continuamente, a atualização de conteúdos e procedimentos didático-pedagógicos, visando a um melhor rendimento, em face da economia da vida na trajetória da existência, considerando-se que, de fato, os tempos são chegados…
4 – Como os Espíritos situam, no conjunto das atividades da Instituição Espírita, a tarefa da Evangelização Espírita Infanto-juvenil?
Tem sido enfatizado, quanto possível, que a tarefa da Evangelização Espírita Infanto-juvenil é do mais alto significado dentre as atividades desenvolvidas pelas Instituições Espíritas, na sua ampla e valiosa programação de apoio à obra educativa do homem. Não fosse a evangelização, o Espiritismo, distante de sua feição evangélica, perderia sua missão de Consolador, renteando-se com a diversidade das escolas religiosas no mundo que, embora úteis e oportunas, estiolaram-se no tempo absorvendo posições de terminalidade e dogmatismo.
É forçoso reconhecer que Espiritismo sem aprimoramento moral, sem evangelização do homem é como um templo sem luz.
Já tivemos oportunidade de lembrar que uma Instituição Espírita representa uma equipe de Jesus em ação e, como tal, deverá concretizar seus sublimes programas de iluminação das almas, dedicando-se com todo empenho à evangelização da infância e da mocidade.
5 – Quais seriam as condições essenciais para que alguém possa desempenhar a tarefa da Evangelização Espírita Infanto-juvenil?
Nas bases de todo programa educativo o amor é a pedra angular favorecendo o entusiasmo e a dedicação, a especialização e o interesse, o devotamento e a continuidade, a disciplina e a renovação, uma vez que no trato com a criança e o jovem o esforço renovador pela evangelização jamais prescindirá da força da exemplificação para quem ensina.
Jesus é o Mestre por excelência: ofereceu-se-nos por amor, ensinou até o último instante, fez-se o exemplo permanente aos nossos corações e nos paroxismos da dor, pregado ao madeiro ignominioso, perdoou-nos as defecções de maus aprendizes.
É justo, pois, que o evangelizador deva estudar e rever, quanto possível, todos os ensinos da Verdade, granjeando meios de descortinar caminhos de libertação espiritual para quantos se lhe abeirem do coração dadivoso.
6 – Que papel cabe aos espíritas que não atuam diretamente na Evangelização Espírita Infanto-juvenil, no crescimento e maior êxito desta tarefa?
Todos os espíritas engajados realmente nas fileiras da fé raciocinada quão atuante devem estar, de certo modo, empenhados na tarefa da evangelização que é, sem dúvida, o sublime objetivo da Doutrina Espírita. Naturalmente que uns estarão com participação direta e maior soma de esforços, enquanto outros permanecerão servindo em outras leiras, porém todos deverão estar voltados para um mesmo alvo comum — a redenção do homem.
Desta forma, nada mais recomendável que a solidariedade de propósitos na escola de almas, onde todos nos matriculamos.
Os responsáveis pelos Centros, Grupos, Casas ou Núcleos espiritistas devem mobilizar o maior empenho e incentivo, envidando todos os esforços para que a evangelização de crianças e jovens faça evidenciar os valores da fé e da moral nas gerações novas. É necessário que a vejam com simpatia, como um trabalho integrado nos objetivos da Instituição e jamais como atividade à parte.
O Movimento Espírita, acompanhando a dinâmica progressiva da própria Doutrina, já vem deixando longe os primeiros tempos das reuniões somente para adultos, com características próprias, fechadas… Hoje se busca, sobremodo, oferecer o conhecimento iluminador à criança e ao jovem, facilitando-lhes a renovação da mentalidade quanto à renovação do caráter, com vistas ao futuro do mundo, aprisco e Reino do Senhor.
A Evangelização Espírita Infanto-juvenil, assim, vem concitar a todos para um trabalho árduo e promissor, no campo da implantação das ideias libertadoras, a que fomos chamados a servir, pela vitória do conhecimento superior e pela conquista da Vida Maior.
7 – Que orientação os Amigos Espirituais dariam aos pais espíritas em relação ao encaminhamento dos filhos à Escola de Evangelização dos Centros Espíritas?
Conquanto seja o lar a escola por excelência onde a criatura deva receber os mais amplos favores da educação, burilando-lhe o sentimento e o caráter, não desconhecemos a imperiosidade de os pais buscarem noutras instituições sociais o justo apoio à educação da prole; e, assim, deverão encaminhar os filhos, no período oportuno, para as escolas do saber, viabilizando-lhes a instrução. Entretanto, jamais deverão descuidar-se de aproximá-los dos serviços da evangelização, em cujas abençoadas atividades se propiciará a formação espiritual da criança e do jovem diante do porvir.
Há pais espíritas que, erroneamente, têm deixado, em nome da liberdade e do livre-arbítrio, que os filhos avancem na idade cronológica para então escolherem este ou aquele caminho religioso que lhes complementem a conquista educativa no mundo.
Tal medida tem gerado sofrimento e desespero, luto e mágoa, inconformação e dor. Porque, uma vez perdido o ensejo educativo na idade propícia à sementeira evangélica, os corações se mostram endurecidos, qual terra ressequida, árida, rebelde ao bom plantio, desperdiçando-se valioso período de ajuda e orientação.
É então que somente a dor, a duros golpes provacionais, poderá despertar para refazer e construir.
8 – Que recursos os Amigos Espirituais poderiam sugerir com vistas à dinamização da tarefa de Evangelização Espírita Infanto-juvenil?
Os serviços da Evangelização Espírita Infanto-juvenil vêm caminhando consoante seu ritmo próprio, segundo as possibilidades de seus colaboradores e dentro da amplitude da gleba favorável.
Entretanto, renovando-se a mentalidade dos adultos, sejam eles pais ou preceptores, diretores de Instituições ou servidores do Movimento espírita, com esclarecimentos sobre a importância e necessidade da Evangelização Espírita Infanto-juvenil, haverá uma notável aceleração, uma ampliação mais sensível das tarefas previstas.
Por esse motivo, são tão necessárias as campanhas de esclarecimento junto à família cristã, às Instituições Espíritas, como também aos próprios evangelizadores.
Não há dúvida de que, crescendo a demanda, novos colaboradores se apresentarão para a ampliação das legiões evangélicas de encarnados e desencarnados, às quais não faltarão os recursos da fé e as inspirações do Mais Alto para que se efetivem as semeaduras da luz.
Por outro lado, o apoio dos novos métodos de ensino, na dinâmica pedagógica dos tempos atuais, ensejará ajuda, estímulo e segurança ao Movimento Espírita de Evangelização de crianças e de jovens, onde professores, educadores e leigos, de corações entrelaçados no objetivo comum, continuarão a recolher dos Planos Acima a inspiração precisa para conduzirem com acerto, maestria e objetividade a nobilitante tarefa que lhes foi confiada em nome do Amor.
9 – Qual o papel da Evangelização Espírita Infanto-juvenil na expansão do Movimento Espírita brasileiro?
Sem dúvida alguma, a expansão do Movimento Espírita no Brasil, em número e em qualidade, está assentada na participação da criança e do jovem, naturais continuadores da causa e do ideal.
Preparando-os convenientemente para o porvir, aformoseando-lhes uma nova mentalidade cristã, será o mesmo que fornecer-lhes recursos de crescimento para a responsabilidade e para o dever, na conquista de si mesmos.
Entendemos que somente assim a Evangelização Espírita Infanto-juvenil estará atingindo seu abençoado desiderato, não apenas pela expansão do Espiritismo no Brasil, mas, sobretudo, contribuindo para a formação do homem evangelizado que há de penetrar a alvorada de um novo milênio de alma liberta e coração devotado à construção de sua própria felicidade.
10 – Como o Plano Espiritual vê a colaboração que o Brasil vem oferecendo a outros países na área da Evangelização Espírita Infanto-juvenil?
Inegavelmente o Brasil se tem evidenciado como o grande celeiro do Evangelho nos dias atuais e, por sua destinação histórico-espiritual, há de espelhar, em favor do mundo, as belezas evangélicas, trabalhando a alma de seu povo, com vistas à nova civilização do Terceiro Milênio.
Correm informações e previsões abençoadas, nas tradições espirituais, quanto ao transplante da árvore do Evangelho do coração cansado da Velha Europa para o regaço acolhedor e juvenil da Pátria do Cruzeiro.
Assim sendo, toda colaboração, em nome da fraternidade e da fé, que o Movimento Espírita brasileiro possa oferecer aos países irmãos, nada mais será que efetiva obediência aos programas com que o Mais Alto tem distinguido o Brasil no concerto fraternal das nações.
Compreendemos que a grandiosa tarefa da divulgação evangélica junto à criança e ao moço, mobilizando novos cooperadores nos países irmãos, é ação por demais gigantesca de que o Brasil jamais desertará.
Não é, pois, sem júbilos imensos que o Planeta Espiritual tem acompanhado a multiplicação dos primeiros esforços, o lançamento das primeiras sementinhas da Evangelização Espírita Infanto-juvenil, que o Brasil, nossa Pátria do Evangelho, tem mobilizado junto à ambiência acolhedora de outras pátrias irmãs.
11 – Algo mais a ser dito?
Filhos,
Roguemos a Jesus pela obra que prossegue sob o divino amparo. Que não haja desânimo nem apressamento, mas, acima de tudo, equilíbrio e amor. Muito amor e devotamento!
A Evangelização Espírita Infanto-juvenil amplia-se como um sol benfazejo abençoando os campos ao alvorecer.
O próprio serviço, sem palavras articuladas, mas à luz da experiência, falará conosco sobre quaisquer alterações que se façam necessárias, enquanto, no sustento da prece, estabeleceremos o conúbio de forças com o Alto, de modo a nos sentirmos amparados pelas inspirações do bem.
De tempos em tempos ser-nos-á necessária uma pausa avaliativa para revermos a extensão e a qualidade dos serviços prestados e das tarefas realizadas. Somente assim podemos verificar o melhor rendimento de nossos propósitos.
Unamo-nos, que a tarefa é de todos nós. Somente a união nos proporciona forças para o cumprimento de nossos serviços, trazendo a fraternidade por lema e a humildade por garantia do êxito.
Com Jesus nos empreendimentos do Amor e com Kardec na força da Verdade, teremos toda orientação aos nossos passos, todo equilíbrio à nossa conduta.
Irmanemo-nos no sublime ministério da evangelização de almas e caminhemos adiante, avançando com otimismo.
Os amigos e companheiros desencarnados podem inspirar e sugerir, alertar e esclarecer, mas é necessário reconhecermos que a oportunidade do trabalho efetivo é ensejo bendito junto aos que desfrutam a bênção da reencarnação.
Jesus aguarda!
Cooperemos com o Cristo na evangelização do Homem.
Paz!
Bezerra
Fonte: Mensagem recebida pelo médium Júlio Cezar Grandi Ribeiro, em sessão pública no dia 2.8.1982, na Casa Espírita Cristã, em Vila Velha, Espírito Santo, publicada na Separata do Reformador de 1986 – A evangelização espírita da infância e da juventude na opinião dos Espíritos.