Bernardino da Silva Moreira
É graças ao perispírito que temos as aparições dos Espíritos, e também a sua materialização no mundo físico.
Na Antigüidade temos alguns casos de aparições de Espíritos, que aconteceram durante o ápice do Império Romano:
“Plutarco relata o encontro de Brutus em pleno campo certa noite com seus inimigos já desencarnados. Em Roma, Pausânias, condenado a morrer de fome no templo de Minerva, em Espírito aparecia repetidas vezes assombrando os homens encarnados. Nos últimos dias de seu desastroso reinado, o próprio Nero se viu, fora de seu corpo somático, junto da sua genitora Agripina e da esposa Otávia, ambas assassinadas por sua ordem, pressagiando a sua própria queda.”
Mas é na Bíblia sagrada, o livro mais lido do mundo, que temos uma grande diversidade de fenômenos mediúnicos; apesar da maioria dos seus leitores e cultores não acreditarem ou até mesmo negarem.
Citaremos alguns capítulos e versículos interessantes, pois não é possível citá-los todos devido ao espaço e objetivo deste trabalho.
Para Abraão “aparecem três anjos” (Gênesis, cap.18); com Ló a diferença está no número, pois, “vieram os dois anjos a Sodoma”
(Gênesis, cap. 19, vv. 1 a 3); Moisés que era médium extraordinário, em um dia que apascentava o rebanho de seu sogro, “apareceu-lhe o anjo do Senhor” (Êxodo, cap. 3, v. 2); há também o episódio de “Saul que consulta uma pitonisa de Endor” (I Samuel, cap. 28).
Zacarias, o pai de João Batista, ao “entrar no templo do Senhor para oferecer o incenso”, ficando fora do templo uma multidão a orar, aconteceu ao sacerdote que “um anjo do Senhor lhe apareceu, posto de pé, à direita do altar do incenso. E Zacarias, vendo-o, turbou-se, e caiu temor sobre ele. Mas o anjo lhe disse: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João.” (Lucas, cap. 1, vv. 11 a 13). Assim sendo, viria ao mundo Elias, com nome novo e roupa nova.
Um caso semelhante ao de João é o do “anúncio do nascimento de Jesus”. (Lucas, cap.1, vv. 26 a 38).
Não menos interessante é o que aconteceu aos apóstolos em Jerusalém, onde tratavam dos “enfermos e atormentados de espíritos imundos; os quais eram curados”, mas, o sumo sacerdote mancomunado com os saduceus por inveja “lançaram mão dos apóstolos, e os puseram na prisão pública. Mas de noite um anjo do Senhor abriu as portas da prisão, e, tirando-os para fora, disse: ide e apresentai-vos no templo, e dizei ao povo todas as palavras desta vida.” (Atos, cap. 5, vv. 18 a 20).
Mas não foram só os personagens bíblicos que viram os Espíritos, muitos são os que os vêem, e entre eles está o famoso cirurgião Dr. Christian Barnard. Quem assim o diz é o pesquisador Philippe Piet van Putten:
“O mundialmente famoso cirurgião sul-africano Christian Barnard, que realizou o primeiro transplante de coração do mundo, impressionou a audiência da televisão italiana ao declarar que, em duas ocasiões, viu espectros de pessoas falecidas”.
Através do programa “Mr. O”, assistido por milhões, o Dr. disse que seu primeiro encontro com uma entidade supostamente desencarnada aconteceu há 18 anos, quando, hospitalizado, se recuperava de uma hepatite.
Em torno das 22 horas, uma mulher teria entrado em seu quarto. Ela dirigiu-se a ele e pôs as mãos em seu peito, pressionando-o. Ao olhar para ela, Barnard teria notado que ela era muito magra e pálida. Tinha cabelos acinzentados e olhos azuis. Incomodado com a pressão que fazia em seu peito, o Dr. teria retirado suas mãos pelos pulsos e percebido que era muito delicados. Ele a empurrou e, como se fosse muito leve, ela levitou e desapareceu pela janela afora.
Intrigado, Barnard chama a enfermeira e então soube que, pouco antes, uma mulher idêntica a que ele vira em seu quarto, morrera no mesmo hospital. Ele afirma que jamais havia visto a mulher antes.
Neste caso podemos observar que o fantasma era real, e não fruto de uma imaginação enferma, tanto que pôs as mãos em seu peito, pressionando-o, e a pressão era real, pois incomodado ele a empurrou e, como se fosse muito leve, ela levitou e desapareceu pela janela afora.
Era real e era Espírito, pois encarnados até o presente momento, não conseguiram sair pelas janelas voando. O Dr. Barnard descreve o Espírito de maneira bem pormenorizada, tanto que foi possível identificar uma mulher idêntica a que ele vira em seu quarto, que morreu no mesmo hospital.
Vamos ao segundo caso:
A outra experiência, aconteceu logo após a morte súbita de seu pai. Na época, ele morava na Cidade do Cabo, no sul da África, e seu pai a uns 480 quilômetros de distância.
Quando Barnard chegou em casa, seu pai já havia “passado”. Naquela noite, deitado em sua cama, muito triste com o ocorrido, ele teria sentido alguém tocar em seu ombro. Barnard diz que virou-se e viu seu desaparecido pai ao seu lado. Ele estava sereno e com aspecto agradável.
“Não fique triste” – teria dito o “desaparecido” – “Não estou morto. Não vivo mais neste mundo. Pertenço a outro mundo agora. Mas não fique triste, porque não há nada de ruim na minha forma de ser.” E então a entidade sumiu.
Atentem para a conclusão do Dr. Barnard que foi dita de modo muito objetivo e natural:
“As duas experiências foram tão reais que, agora posso crer que certamente existe algo além desta vida.”
O escritor e jornalista Aureliano Alves Netto, conta dois casos muito interessantes, pois as aparições eram de vivos. Começaremos com o conhecidíssimo médium Chico Xavier:
“Numa reportagem publicada na revista “Estudos Psíquicos”, de Lisboa, edição de dezembro de 1976, Henrique Magalhães relata os fenômenos por ele presenciados numa sessão do Centro Espírita Dr. Dias da Cruz, em Caratinga, Minas Gerais, no mês de março de 1975.
Conta que, após haver recebido tratamento, permaneceu alguns instantes no recinto em que se localizava a cabina.
Chama-o, então, o cirurgião desencarnado Dr. Joseph Gleber “para abraçar um outro Espírito.”
Prosseguindo a narrativa, escreve Henrique Magalhães:
“A seguir encostaram-me à materialização de Chico Xavier, o qual falou conosco em sua linguagem bem conhecida, abraçando-nos, bem como a uma sua sobrinha, que também se encontrava no local, esta última, encarnada.”
Vamos agora ao segundo segundo caso:
“O médium Dr. Alexandre Dias Filho, do Rio de Janeiro, em estado de “desdobramento” (ou bilocação), apareceu, em corpo materializado, numa Maternidade, e aí atendeu a uma parturiente em perigo de vida”.
Depõe o marido da senhora em questão:
“ – O médium concentrou-se na minha frente e deslocou o seu Espírito para a Maternidade, lá num subúrbio distante. Eu queria dizer que o médium Alexandre se materializou na Maternidade e fez o parto feliz de minha esposa. O fato foi presenciado pelas enfermeiras, que viram um médico estranho, barbudo, fazendo o parto, e nada indagaram, porque supunham que era o médico particular da minha esposa.”
Gabriel Delanne conta alguns casos de materializações, no seu livro “A Reencarnação”, e mostra que também os animais estão sujeitos a ela.
Destacamos o caso do Pitecantropo, ei-lo:
“As materializações de formas animais não são raras com Frank Kruski.
Nos relatórios das sessões de estudos psíquicos de Varsóvia, temos a assinalar, especialmente, uma grande ave de rapina, que apareceu várias vezes e foi fotografada; depois, um ser bizarro, espécie de intermediário entre o macaco e o homem. Tem a estatura de um homem, uma face simiesca, mas uma fronte desenvolvida e reta, o rosto e o corpo coberto de pelos, braços compridos, mãos fortes e longas. Parece sempre comovido, toma as mãos dos assistentes e as lambe como faria um cão.
Ora, esse ser, que denominamos “o pitecantropo”, manifestou-se muitas vezes durante nossas sessões. Um dos assistentes, na sessão de 20 de novembro de 1920, sentiu sua grande cabeça aveludada apoiar-se-lhe pesadamente no ombro, junto ao rosto. Essa cabeça era guarnecida de cabelos bastos e rudes. Um odor de animal selvagem, de cão molhado, desprendia-se dele. Um dos presentes estendeu a mão; apanhou-a o pitecantropo e lambeu-a longamente, por três vezes. Sua língua era grande e macia.”
Nos fenômenos acima, temos a confirmação de que “os Espíritos são a individualização do princípio inteligente” (perg. 79 – O Livro dos espíritos), bem como a prova de que os Espíritos são “envolvidos por uma substância que é vaporosa” que permite “que eles possam elevar-se na atmosfera e transportar-se para onde quiserem.” (Perg. 93 – O Livro dos Espíritos). Essa “substância vaporosa” de que falaram os Espíritos, foi denominada por Allan Kardec, como sendo, o “perispírito”.
E tem mais, prova também que os Espíritos estão sujeitos a uma progressão, ou melhor, evolução.
Para finalizar, lembremos as palavras de São Luís em resposta a Allan Kardec:
“Em virtude de sua natureza etérea, o Espírito, propriamente dito, NÃO PODE ATUAR SOBRE A MATÉRIA GROSSEIRA; SEM INTERMEDIÁRIO, isto é, sem o elemento que o liga à matéria. Este elemento, que constitui o que chamais perispírito, VOS FACULTA A CHAVE DE TODOS OS FENÔMENOS ESPÍRITAS de ordem material.”
FIM.