Espiritismo e Penas Futuras

Espiritismo e Penas Futuras

Martins Peralva

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ESPIRITISMO E PENAS FUTURAS

LE – Questão 1004: Em que se baseia a duração dos sofrimentos do culpado?

R — No tempo necessário a que se melhore. Sendo o estado de sofrimento ou de felicidade proporcionado ao grau de purificação do Espírito, a duração e a natureza de seus sofrimentos dependem do tempo que ele gaste em melhorar-se.

Em matéria, pois, de castigos, depois da morte, reflitamos, sim, na justiça da Lei que determina realmente seja dado a cada um conforme as próprias obras. – Emmanuel

* * *

Estudaram os Espíritos minuciosamente, com Allan Kardec, o insigne e valoroso missionário da codificação, o tema “Das penas e gozos futuros”.

Surgiu, assim, com o advento do Espiritismo, numa época de intenso materialismo e de profundas transformações sociais, nova era para a humanidade estonteada.

Era de esperanças e consolações.

Consolações e esperanças que nenhuma outra doutrina, além do Cristianismo, por ele revivido, conseguiram trazer à face planetária.

Com a Doutrina dos Espíritos, que desde o século passado brilha na consciência e no coração humanos, não mais a terrível concepção de um inferno absurdamente eterno, nem, os horrores de impiedoso purgatório.

E Emmanuel completa: “o Céu começará sempre em nós mesmos e o inferno tem o tamanho da rebeldia de cada um”.

Com o Espiritismo, o Amor de Deus passou a nova e sublime dimensão, alicerçada na magnanimidade.

Cada um de nós se tornou responsável pelos próprios atos.

Mensageiros de Mais Alto vieram nos falar de situações transitórias, nos círculos espirituais inferiores, destinadas aos processos de auto-retificação.

Ê possível — sinceramente o admitimos — que o ensino do inferno e do purgatório haja cumprido, nos idos da Humanidade, sua tarefa de reprimir, pelo temor, os abusos do homem, o que, no entanto, não mais se justifica, em nossos dias, quando somos convidados pela razão consciente a refletir, e, refletindo, darmos rumo ao nosso próprio destino.

Muito devemos a André Luiz no tocante a esclarecimentos sobre a vida além da morte, bem assim a outros autores, desencarnados e encarnados, cabendo-nos realçar a excelente monografia “A Crise da Morte”, de Ernesto Bozzano.

O ex-médico brasileiro, no entanto, vem transmitindo — de “Nosso Lar” a “Libertação” — farta literatura (seis notáveis livros) em que fornece segura orientação aos encarnados, que, antes, perguntavam, angustiados:

– Como será a vida do Espírito, após a morte?

– Para onde iremos e como iremos?

– O que nos estará reservado?

– O que faremos lá e o que de nós será feito?

– Haverá céu? e inferno?

Com o advento do Espiritismo — o Consolador prometido —, dissiparam-se, inteiramente, as dúvidas.

Monografias de notáveis escritores focalizam o assunto.

Os Espíritos, atentos à argúcia filosófica de Allan Kardec, respondem às indagações, em todos os detalhes.

Emmanuel estuda as diversas conceituações do inferno, referindo-se ao que, sobre ele, pensam hindus, chineses, egípcios e gregos, hebreus e persas, romanos e escandinavos, muçulmanos e vários setores da atividade cristã.

E, ao estudar tão velho quanto palpitante tema, o esclarecido Instrutor acentua: “Disse-nos o Cristo: O Reino de Deus está dentro de vós, ao que, de acordo com ele mesmo, ousamos acrescentar: e o inferno também”.

André Luiz, especialmente, servindo-se da missionária mediunidade de Francisco Cândido Xavier, tornaria mais claros, ainda, estes ensinos.

Que não há penas eternas, di-lo a Codificação.

Duvidamos, mesmo, que a idéia das penas eternas, mesmo nos círculos não-espíritas, tenha, na atualidade, sólida e convicta aceitação.

Cremos nós que entre os divulgadores das penas eternas exista, já, para uso interno, a certeza de sua irrealidade.

As leis humanas tendem a modificar-se e vão-se modificando sempre, com o objetivo, indisfarçável, de amparar o culpado.

De dar ao criminoso oportunidade não “de sofrer”, mas de “regenerar-se”, a fim de que, recuperado moral e espiritualmente, seja reintegrado na sociedade.

Teriam de ser as leis divinas, criadas para tornar o homem feliz, inexoráveis, punitivas, cruéis, impiedosas, contrastando com a tolerante flexibilidade das leis dos homens! . . .

Em regiões sombrias do mundo espiritual, próximas à crosta terráquea, localizam-se, efetivamente, Espíritos culpados — criminosos, suicidas, hipócritas, devassos, etc. — mas “pelo tempo necessário a que se melhorem” , pois que Deus nunca “obra caprichosamente”.

De dias, semanas, meses e anos pode ser, para o culpado, o tempo de sofrimento, segundo a natureza das faltas cometidas.

Tão logo surja, porém, a bênção do arrependimento sincero, começa o Espírito a preparar-se para a etapa seguinte: a da reparação dos males que haja praticado.

Criadas pela vontade do culpado as condições de reabilitação, na Espiritualidade ou na Terra, encontram os Mensageiros de Deus recursos para instilar, em sua mente arrependida, já tocada pelo desejo de felicidade e de fuga ao desespero, elevados princípios que o levarão a soerguer-se, confiante, do báratro escuro para a renovação luminosa.

É profundamente humana a mensagem que o Espiritismo trouxe à Humanidade.

Confortador é o ensino por ele trazido a todos os homens que lhe dediquem alguns momentos de atenção, buscando conhecer-lhe as sublimes verdades.

Nada, portanto, de inferno, nem de purgatório, com suas penas eternas e seus terríveis efeitos.

A Doutrina Espírita preconiza, como realidade espiritual depois da morte, regiões de sofrimento transitório, criadas pelas mentes culpadas, cuja duração estará na razão inversa do esforço do culpado para readaptar-se ao Bem, jamais condicionada ao cruel arbítrio de inexoráveis leis que o banissem das planícies da alegria e da esperança renovadora, para lançá-lo nos ignescentes labirintos do eterno desespero…

Martins Peralva

Livro: Pensamento de Emmanuel – 38

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