A FRIVOLIDADE HUMANA
FRÍVOLOS
Joanna de Ângelis
Na atualidade, rica de luzes da razão, escasseiam as lâmpadas acesas do sentimento de amor.
Sucede que o progresso horizontal, estendendo-se sem cessar, é de fácil conquista, mas a evolução na vertical do Infinito é de acesso mais complexo que exige reflexão e sacrifícios.
Eis porque se diz em linguagem vulgar: Quanto mais alto se localiza um conquistador, mais terrível ser-lhe-á a queda!
Esforçar-se para igualar os valores do saber com o dever deve ser a harmoniosa luta íntima de todas as criaturas.
Desenvolver as adormecidas faculdades do sentir para possuir a sabedoria de caminhar com segurança.
Haverá dificuldades de vário porte, momentos de cansaço e de desinteresse, ante os insucessos, mas a fatalidade do bem que vige no espírito humano, herança divina que é, consegue superar esses impedimentos e a marcha é refeita vezes incontáveis.
Ademais, nunca faltam o amor e o auxílio do nosso Pai, que nos impulsiona a vencer as sombras íntimas, herança funesta do progresso nas primeiras faixas da evolução.
Desse modo, nunca esmoreças diante dos desafios em forma de dificuldades que ajudam a realizar cometimentos mais significativos e relevantes… À medida que o indivíduo adquire discernimento, mais numerosos são os problemas a chamar-lhe a atenção. A sua capacidade faz-se mais lúcida e desafiadora, dando o valor que merecem os questionamentos, sem gerarem desânimo ou impedimento na jornada.
As pessoas portadoras de responsabilidade compreendem que as questões que nos chegam fazem parte do processo de desenvolvimento da percepção e da realidade.
Somente os frívolos consideram problema os meandros por onde se deve transitar em qualquer empreendimento.
Disposto ao prosseguimento das conquistas mais exigentes o indivíduo cresce e penetra nos meandros dos empecilhos, tornando-os partes constitutivas dos projetos que aguardam realização.
Pessoas inadvertidas, porém, sempre asseveram que os bons sofrem mais do que os maus. Trata-se de uma observação superficial, com natureza desculpista, para justificarem a inércia e a inépcia para a ação edificante.
Também se confunde muito o brilho aparente das coisas com a sua realidade que chamam a atenção, mas não são possuidoras de qualidades que aparentam.
O êxito nem sempre pode ser medido pela aparência, por aquilo que se anota como vitória e envilece o coração.
Diz-se que o ser humano é feliz quando nada o retém impedindo-lhe o avanço, o que não é uma realidade absoluta. O não ter pode constituir-se em ausência de estímulo para possuir valores abençoados e portadores da alegria como da paz.
Todas as conquistas íntimas e transformadoras se operam em silêncio, em estruturas de qualificação moral ou espiritual, por proporcionarem a alteração das paixões asselvajadas que teimam em destacar-se nos processos iluminativos.
Essa situação, normalmente, é acompanhada de comportamentos vis.
Parece haver uma conspiração constante contra o abençoado estado das coisas. Nas dificuldades de se aceitar e se adaptar, produzindo a reforma moral, a zombaria, o escárnio se destacam em predomínio.
Por meio do ridículo que produzem, pensam esses que assim se comportam, vencerem as rígidas regras de conduta que produzem bem-estar pela sensação de felicidade…
Trata-se de estados de paz que envolvem as áreas orgânicas e emocionais sob a inspiração do Bem.
Assim sendo, nunca revides aos enganadores que conseguem apresentar erros e equívocos nas questões que os libertam dos hábitos doentios.
Sempre foram perseguidos os idealistas, os conquistadores, aqueles que prepararam a sociedade para atingir o grau de cultura e civilidade.
É natural que haja a contrapartida, a reação dos opositores que estão em toda parte sempre de plantão.
Desse modo, os heróis e mártires provaram o fel da ignorância, mas logo depois foram erguidos à glória que merecem e ora desfrutam as bênçãos da sua misericórdia.
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Sempre se atribui que o silêncio é aparente anuência e aparente submissão como prejuízo e perda.
A fatalidade do progresso, no entanto, coroa-os de vitórias que travaram na Terra.
Alegra-te, portanto, quando caluniado, perseguido por todo o mal que disserem sobre ti.
Porfia e não te angusties.
Reserva tuas forças para o dever a que te encontras vinculado.
Os frívolos estão desocupados, procurando vítimas para as suas façanhas infelizes.
Eles são levianos e mudam de conceito e de comportamento com muita facilidade.
Porque o seu é um caráter volúvel, as suas são opiniões caprichosas e destituídas de conteúdos valiosos.
Aplaudidos, eles se destacam por pouco tempo, enquanto os seus difamados ascendem para Deus e para vitória sobre si mesmos.
Não importa quando, mas eles despertarão para a realidade que negam nas chamas do arrependimento, das provações redentoras.
A falta de siso, de amadurecimento, a ausência de enfibratura moral permitem que o indivíduo se tipifique pela fraqueza de caráter, portanto, irresponsabilidade e cultivo de ociosidade.
Há muitos indivíduos frívolos e bem apresentados na sociedade, porque estão a serviço da anarquia e da desconstrução dos valores éticos.
A mentira, o disfarce, porém, jamais triunfam por largo tempo. Trata-se de uma questão de oportunidade.
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Quando o rei Luís XVI e a família real, durante a Revolução Francesa, já se encontravam a um passo da vitória na fuga empreendida, próximo à fronteira com Luxemburgo, Sua Majestade foi identificado por um desocupado que o denunciou à polícia e foram presos todos os membros da comitiva, ele, inclusive, a rainha e filhos, na carruagem dourada, especialmente preparada para aquele cometimento.
Sê gentil para com eles, os frívolos e desocupados, apegado ao compromisso da caridade, e voarás com as asas do amor, porque sem elas não te salvarás.
Joanna de Ângelis