O PODER DO PENSAMENTO E A PANDEMIA
PENSAMENTO
Divaldo P. Franco
Diante das circunstâncias perturbadoras e dos acontecimentos afligentes da atualidade, tornamo-nos uma sociedade ansiosa, pessimista, agressiva, enquanto número de criaturas optaram pelo abismo dos transtornos emocionais, derrapando pela rampa traiçoeira da depressão, do alcoolismo, da drogadição, do suicídio…
Vivendo um contexto hedonista, no qual o sentido da existência é o prazer exorbitante, que começa no desamor a si mesmo, no desejo constante de renovar as sensações de gozo, porque as emoções delicadas do sentimento de beleza, de harmonia e de paz já desapareceram sob as pressões do momento que passa com rapidez.
Esse gozar incessante não permite reflexão, pausa para refazer o raciocínio e bem conduzir o pensamento.
Tudo é muito rápido, fugidio, alucinado.
Estamos no ápice da pandemia, que somente será vencida se forem observadas algumas recomendações sanitárias, incluindo aglomerações, contatos físicos e abusivos, responsáveis pelo contágio perigoso.
Apesar das explicações e demonstrações da eficácia do isolamento temporário, a loucura do prazer quebra os padrões da ordem e são feitos festas, paredões, encontros volumosos, que a polícia tenta interromper para o bem dos próprios irresponsáveis. Em alguns casos, nos fins de semana, mais especialmente, gozadores e policiais realizam encontros escondidos onde dão vaza às suas perturbações e desconcertos, fazendo recordar a velha estória da perseguição do gato ao rato…
As festas, os encontros volumosos também oferecem o sexo atormentado, o uso de drogas alucinantes, a perda do sentido existencial.
É lamentável a ocorrência, porquanto os efeitos da irresponsabilidade chegam depois de alguns dias, quando o vírus se sobrepõe ao organismo e dá-se a terrível batalha de aflições incontáveis.
Nesse momento em que começa a fatalidade da morte antecipada, apela-se para preces de ocasiões, apelos de emergência às autoridades e àqueles da linha de frente nos hospitais em constante perigo. Não há muito a Internet apresentou o rosto de um médico da UTI completamente desfigurado, enquanto os levianos desfrutavam da praia, para depois buscarem internamento nos hospitais superlotados. Uma enfermeira da cidade de Pelotas foi citada e apresentada pelo New York Times como exemplo de abnegação, com a face marcada pela máscara e os sinais desgastantes da falta de repouso.
Continuando esta luta infeliz, preparemo-nos para uma longa temporada de pandemia, até que o ser humano use o seu pensamento para a saúde, a dignidade existencial, a plenitude da vida.
O pensamento é força construtora, tanto para o bem-estar como para o oposto.
Cada um vive em função do que pensa, cultiva mentalmente e faz. O pensamento tem poder.
Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 18.3.2021.