CONSIDERAÇÕES
Joanna de Ângelis
Gemendo, no solo, aterrada, clamava a pequenina a semente: “Que será de mim, esmagada neste abismo de sombra e morte?” E, tendo morrido, renasceu em vetusta árvore que espraiou sombra protetora, flor perfumada e fruto saboroso, em vasta gleba verdejante e nobre.
Retorcido, em brasa viva, sofrido pelo malho e a bigorna, murmurava, sem resistência, a lâmina de ferro: “Que me acontece sob tortura que me aniquila, desça respeitando minhas forças?” E, submetido a vontade do metalúrgico, converteu-se em segurança numa ponte grandiosa.
Picada pela abelha diligente e operosa reclamava a flor: “Porque me roubam pólen e néctar, candidatando-me à extinção, em violenta morte prematura?” Todavia, enquanto cede, fecunda-se e, ao morrer na haste, revive no mel que atende a colmeia feliz, mais além… Extirpado da furna em que em clausurava, grita, sob vigorosos golpes, o humilde carbono cristalizado: “Destroem-me, levando-me a nada, eu que venho da poeira dos milênios, em transformações intérminas”. Ferido, no entanto, e habilmente lapidado e engastado em precioso adereço fulge iridescente e valorizado.
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Não olvides o impositivo da disciplina no programa da educação em família, preparando os que vivem contigo e seguirão a longa via por onde deambulas.
O mundo está miniaturizado no lar.
A família é a sociedade em embrião.
O indivíduo é o próton do átomo social.
Quando o lar desarmoniza, a sociedade cambaleia.
Sem a submissão aos impositivos do respeito à ordem e da valorização do caráter, com amplas considerações à honra, são improfícuas quaisquer arregimentações doutrinárias desta ou daquela filosofia, tendo em vista um mundo melhor ou uma sociedade mais feliz.
Tergiversando com o velho-novo Código do Sinai, abrasado pelo calor da loucura que grassa, infrene, levando de roldão aspirações superiores e condutas irreprocháveis, justificando a criminalidade e a degenerescência estarem em toda parte, o homem de bem com o desequilíbrio e a insânia por comodismo e assimilação, para despertar, logo mais, vencido e desesperado.
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Por essa razão o Cristão Espírita não se deve permitir veleidades e aspirações rocambolescas, longe do impositivo kardequiano: “O verdadeiro espírita é um verdadeiro cristão”.
Como o cristão verdadeiro entendemos o homem que se renova interiormente cada dia para melhor, plasmando, pelos atos corretos, uma mentalidade mais elevada em relação a ele e em torno dele.
Vivendo o século do áureo poder de Roma, em que o imediato da posse e da força elegia os seus comandantes, cantados por menestréis da frivolidade, nas galerias da honra transitória, Jesus chamou humildes e sonhadores corações entre escravos e gente considerada de má vida, aspiravam por uma Era Nova; e com eles renovou os conceitos de honra e de valor, conduzindo várias gerações pelos caminhos da sublimação, no legado de esperança e consolo aos que se encontram, ainda hoje, atados aos eitos de mentira e de ilusão, adorando as paixões e as vacuidades que logo passam…
Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo P. Franco
Livro: Dimensões da Verdade – 34