O Trabalho como Fator de Evolução
676 – Por que o trabalho é imposto ao homem?
– É uma conseqüência de sua natureza corporal. É uma expiação e, ao mesmo tempo, um meio de aperfeiçoar sua inteligência. Sem o trabalho, o homem permaneceria na infância da inteligência. (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos)
A humanidade terrena encontra-se submetida a verdadeiros princípios cósmicos responsáveis pelo esforço evolutivo desenvolvido pelos seres, – as Leis de Deus. A reencarnação constitui-se um dos fatores mais destacados desse contexto, em face das oportunidades renovadas ofertadas indistintamente a todos os espíritos.
O retorno às lides terrenas abre um verdadeiro leque de oportunidades redentoras, desde que se esteja imbuído do desejo de progredir. Por isso, não se deve desprezar a oportunidade do trabalho, qualquer que seja a sua natureza, sob pena de se desconsiderar um valioso instrumento de auxílio para o espírito encarnado.
A vasta bibliografia espírita assinala a disposição com que os desencarnados esclarecidos desempenham-se nas atividades laborativas da mais variada ordem nas colônias espirituais em que se encontram, com vistas ao engrandecimento de si e o bem do próximo: ––“Nosso Lar” não é estância de espíritos propriamente vitoriosos, se conferirmos ao termo sua razoável acepção. Somos felizes, porque temos trabalho, e a alegria habita cada recanto da colônia, porque o Senhor não nos retirou o pão abençoado do serviço.” (F.C.Xavier/André Luiz – Nosso Lar (FEB), p 37)
O trabalho é uma contingência salutar e obrigatória em ambos os planos da vida. Às vezes, o regresso à crosta não é devidamente valorizado por alguns e a ilusão do repouso permanente, como sinônimo de boa-vida, de tal forma contagia os menos esclarecidos, a ponto de constituir-se bandeira transportada vida a fora como símbolo de “status” e conforto excessivo; – quanta ilusão.
Desperdiça-se bela chance de progresso por conta da preguiça crônica que compromete a alma, a exemplo de terrível processo auto-obsessivo.
O trabalho, quando desempenhado com boa-vontade e honestidade de propósitos é preciosa bênção para o espírito. Em nenhuma hipótese ele deve ser criticado ou tido na conta de obrigação enfadonha a ser cumprido com má vontade. Cada indivíduo vincula-se a um determinado tipo de labor de acordo com as necessidades espirituais a serem exercitadas no esforço reencarnatório e os exemplos são muitos.
O pedreiro que trabalha exposto ao sol e a chuva, disciplina-se na construção de casas e edifícios pelo fato de carecer valorizar moradias individuais ou coletivas, talvez, destruídas por ele próprio no passado, quando se filiou às legiões guerreiras que espalharam o terror e a destruição do patrimônio público. O médico, no exercício da prática clínica habilita-se ao aperfeiçoamento da capacidade de interagir com os enfermos, aprendendo a respeitar-lhes a dor e a cultivar a paciência diante dos sofredores de todos os matizes. Quem sabe se no pretérito ele não cultivou a indiferença diante das vicissitudes alheias, esquivando-se do auxílio prestimoso em razão de escasso sentimento de solidariedade. Por outro lado, o professor se encarrega de patrocinar a educação escolar, responsabilizando-se ao mesmo tempo pela formação moral dos jovens, para que se convertam no futuro em cidadãos honestos e úteis à comunidade a que pertencem. Quantos, provavelmente em outras épocas, se empenharam em desviar as mentes juvenis das finalidades úteis da existência, corrompendo-lhes os costumes e incentivando-lhes as viciações e a delinqüência.
Uma coisa é quase certa, o trabalho que cada qual exerce no decorrer de uma reencarnação pode ter um significado de reparação do mal cometido, amoldando-se desta forma, às próprias exigências evolutivas. É uma atitude inteligente cumpri-lo com honestidade de propósitos, satisfação íntima e gratidão a Deus, pois, na dependência do comportamento equilibrado, ali pode estar retratada providencial chance de a alma recuperar-se do tempo perdido e reabilitar-se perante as leis de Deus.
(Artigo reproduzido com a autorização do autor)