INQUIETAÇÕES (Jorge Hessen)
A ansiedade, quando exorbita, torna-se causa de muitas enfermidades espirituais e decisões impulsivas, requerendo muitas vezes séculos para a devida reparação, sim, séculos! Jesus convidou-nos a vencer a preocupação exagerada, ou seja, a ansiedade doentia. Pronuncia o Mestre: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal”. [2] A pessoa ansiosa, no desejo de acelerar o que imagina ser formidável o que há de advir, conquanto na maioria das vezes seja apenas simples capricho, atrai também dores e desgostos sobre si mesma.
As ansiedades crônicas desenham itinerários íngremes e jamais edificam algo de útil na vida de alguém. De tal modo que Emmanuel adverte: “se o homem nascesse para andar ansioso, seria dizer que veio ao mundo, não na categoria de trabalhador em tarefa santificante, mas por desesperado sem remissão.” [3] Uma criatura que vive entregue ao pessimismo e aos maus pensamentos tem em volta de si uma atmosfera espiritual escura, da qual aproximam-se Espíritos doentios. A angústia, a tristeza e a desesperança aparecem, formando um quadro físico-psíquico deprimente, que pode ser modificado sob a orientação dos ensinos morais de Jesus. [4]
Ademais, a conduta mental e espiritual de alguém, quando cultiva os sentimentos da ansiedade, impregna o organismo físico e o SNC (sistema nervoso central) com freqüências vibratórias infectadas que bloqueiam áreas por onde se espalha a energia vital, abrindo campo para a instalação dos múltiplos estados patológicos, em face da proliferação de agentes deletérios (microorganismos de origens psíquicas) degenerativos que se instalam. Por isso, a disciplina mental e emocional surge como sustentáculo do edifício das lutas rotineiras sob o influxo da resignação indispensável diante dos embates vitais ao nosso crescimento espiritual.
Quando experimentamos uma sensação de angústia, de ansiedade indefinível ou de íntima satisfação, sem que lhe conheçamos a causa, não podemos simplesmente atribuí-la unicamente a uma disposição física, pois “é quase sempre efeito da comunicação em que inconscientemente entramos com os Espíritos, ou da que com eles tivemos durante o sono.” [5] Nesse caso, o processo terapêutico advém da força espiritual quando canalizada de maneira correta sobre os alicerces da educação do pensamento e da disciplina salutar dos hábitos. É um embate sem tréguas, porém o esforço para levá-lo a termo construirá bases morais sólidas naquele que se predispõe a realizá-lo.
A ansiedade pertinaz como vimos pode ser um distúrbio associado à ocorrência da alteração da noradrenalina. Quando sua produção ou forma de produção se altera podendo ocasionar a ansiedade, entre outras patologias gravíssimas, torna-se uma porta escancarada. O uso dos fármacos pode estabelecer a harmonia química cerebral, melhorando o humor do paciente, no entanto cuida simplesmente do efeito, pois os medicamentos não curam a ansiedade mórbida em suas intrínsecas causas; apenas restabelecem o trânsito das mensagens neuronais, melhorando o funcionamento neuroquímico do SNC (sistema nervoso central). Se os médicos são malsucedidos tratando da maior parte das moléstias, é que tratam do corpo, sem tratarem da alma. Isso porque com Jesus os reflexos do passado serão apenas estímulos para nos entregarmos à lida renovadora e profícua, em prol das nossas existências porvindouras.
Sim, Jesus nos enviou como legado um dos mais poderosos medicamentos contra o desassossego mental-emocional: a Codificação espírita, cujos preceitos trazem à memória humana a certeza de que, apesar dos açoites aparentemente destruidores do destino, o homem precisa conservar-se de pé, denodadamente, marchando firme ao encontro dos supremos objetivos da vida, enfrentando serenamente os obstáculos como um instrumental necessário que Deus envia às suas criaturas.
Referências bibliográficas:
[1] Disponível em http://www.ansiedade.com.br/transtornos/ansiedade/ acesso em 29/03/2016
[2] Mt. 6:34;
[3] Xavier Francisco Cândido. Pão Nosso ditado pelo Espirito Emmanuel , cap. 8, RJ: Ed. FEB, 1999
[4] Kardec, Allan. Revista Espírita de maio de 1867, RJ: Ed FEB, 2000
[5] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 471, RJ: Ed. FEB, 1972