Doutrina e Aplicação (Bezerra de Menezes)
Somos defrontados hoje por impositivos da fé que realmente se nos mostram por obrigações de caráter inadiável.
Achamo-nos, sem dúvida, à frente de um mundo, – a nossa casa, – atravessado de problemas que a nós outros compete resolver.
Lutas, conflitos, dificuldades, desafios de variada espécie nos convocam à divulgação da Doutrina de Amor e Luz, a cujo engrandecimento estamos convocados, cada qual de nós na posição em que se encontra.
Por isso mesmo, já que estudais a virtude, reflitamos na expansão dos princípios espíritas evangélicos como sendo a demonstração generalizada e simples da virtude do Cristianismo Redivo no Espiritismo, a porta libertadora de nossos corações no rumo da emancipação com o Cristo de Deus.
Entretanto, filhos, a divulgação a que nos reportamos será, sim, a da exposição verbal de nossas teses edificantes mas sobretudo a prática dos ensinamentos a que se nos afeiçoam a idéia e coração.
Acrescentemos Espiritismo à nossas atividades cotidianas.
Mais amor no exercício de nossos deveres, mais luz em nossa palavra.
Em casa, aditemos Doutrina às nossas mínimas atitudes, a fim de que o lar se nos mantenha por santuário bendito de aperfeiçoamento espiritual a que nos empenhamos e em nossos grupos de serviço apliquemos a Doutrina em nossos gestos mais obscuros, de vez que no instituto doméstico e em nossa equipe de trabalho é que surpreendemos os mais difíceis problemas de ordem espiritual para iluminação do futuro.
Isso porque é no ambiente mais intimo da experiência terrestre que acolhemos laços mais sublimes do amor e os elos mais aflitivos das aversões que nós mesmos trazemos na bagagem de passadas reencarnações.
Do lar e do grupo social, seja esse grupo de caráter idealístico ou afetivo, na ação e na afinidade, é que nos afastamos para a Família Maior, – a Humanidade, – assim como a embarcação que se retira do cais, em demanda do alto mar.
Por essa razão, nessas duas escolas da alma é forçoso adestrar-nos na Doutrina Espírita, a fim de que a travessia da viagem na vida física se faça amparada no êxito necessário.
Enfim, traduzamos a nossa fé em trabalho incessante no Bem, desentranhemos as lições de Jesus, milenarmente arquivadas em nossa memória para o trato afetivo com as experiências do dia-a-dia, auxiliando-nos uns aos outros, através do perdão aprendido e sofrido e da tolerância trabalhada e esculpida no próprio esforço reconhecendo que o outro é o nosso reflexo.
O próximo é o caminho e Jesus é a meta.
Sirvamo-nos.
Ajudemo-nos.
Tão-somente assim, ofereceremos substância às realizações espíritas-cristãs, à maneira do material que monumentaliza esse ou aquele plano de construção.
Atividade, mas não aquela atividade a que os nossos irmãos ainda sediados na rebeldia se referem nos apelos com que conclamam o Mundo à renovação.
Esforço e nós mesmo, para que a nossa fé se nos instale definitivamente na vida pessoal para que a felicidade não mais se erija em nós por mito que a desilusão quebra ou destrói.
Construamos Doutrina em nós e em nossas próprias existências, dando conta dos encargos que o Senhor nos reservou, tomando a compreensão e a bondade por diretrizes de cada dia.
Apenas assim, – unicamente assim´- faremos a divulgação do Espiritismo por Doutrina Perfeita, a destacar-se de nossas próprias imperfeições, a fim de que pelo trabalho de hoje, venhamos a alcançar com o Divino Mestre, a felicidade indestrutível pela vivência positiva e real da legenda que Ele mesmo, Jesus, nos deu a todas as criaturas na Terra, por divino roteiro indispensável à paz de cada um: – “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”
(Da obra Doutrina e Vida, Francisco Cândido Xavier)